Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
1888-06-13 Lisboa, Portugal
1935-11-30 Lisboa
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WALT WHITMAN
WALT WHITMAN
Onde não sou o primeiro, prefiro não ser nada, não estar lá,
Onde não posso agir o primeiro, prefiro só ver agir os outros.
Onde não posso mandar, antes quero nem obedecer.
Excessivo na ânsia de tudo, tão excessivo que nem falo,
E não falo, porque não tento.
«Ou Tudo ou Nada» tem um sentido pessoal para mim.
Mas ser universal — não o posso, porque sou particular.
Não posso ser todos, porque sou Um, um só, só eu Não posso ser o primeiro em qualquer coisa, porque não há o primeiro.
Prefiro por isso o nada de ser co-primeiro em ser nada.
Quando é que parte o último comboio, Walt?
Quero deixar esta cidade, a Terra,
Quero emergir de vez deste país, Eu,
Deixar o mundo com o que se comprova falido,
Como um caixeiro viajante que vende navios a habitantes do interior.
O fim a motores partidos!
Que foi todo o meu ser? Uma grande ânsia inútil —
Estéril realização com um destino impossível —
Máquina de louco para realizar o motu continuo,
Teorema de absurdo para a quadratura do círculo,
Travessia a nado do Atlântico, falando na margem de cá
Antes da entrada na água, só com eles e o cálculo,
Atirar de pedras à lua
Ânsia absurda do encontro dos paralelos Deus-vida.
Megalomania dos nervos,
Ânsia de elasticidade do corpo duro,
Raiva de meu concreto ser por não ser o auge-eixo
O carro da sensualidade de entusiasmo abstracto
O vácuo dinâmico do mundo!
Vamo-nos embora de Ser.
Larguemos de vez, definitivamente, a aldeia-Vida
O arrabalde-Mundo de Deus
E entremos na cidade à aventura, ao rasgo
Ao auge, loucamente ao Ir...
Larguemos de vez.
Quando parte, Walt, o último comboio p'ra aí?
Que Deus fui para as minhas saudades serem estas ânsias?
Talvez partindo regresse. Talvez acabando, chegue,
Quem sabe? Qualquer hora é a hora. Partamos,
Vamos! A estada tarda. Partir é ter ido.
Partamos para onde se fique.
Ó estrada para não-haver-estradas!
Término no Não-Parar!
Onde não sou o primeiro, prefiro não ser nada, não estar lá,
Onde não posso agir o primeiro, prefiro só ver agir os outros.
Onde não posso mandar, antes quero nem obedecer.
Excessivo na ânsia de tudo, tão excessivo que nem falo,
E não falo, porque não tento.
«Ou Tudo ou Nada» tem um sentido pessoal para mim.
Mas ser universal — não o posso, porque sou particular.
Não posso ser todos, porque sou Um, um só, só eu Não posso ser o primeiro em qualquer coisa, porque não há o primeiro.
Prefiro por isso o nada de ser co-primeiro em ser nada.
Quando é que parte o último comboio, Walt?
Quero deixar esta cidade, a Terra,
Quero emergir de vez deste país, Eu,
Deixar o mundo com o que se comprova falido,
Como um caixeiro viajante que vende navios a habitantes do interior.
O fim a motores partidos!
Que foi todo o meu ser? Uma grande ânsia inútil —
Estéril realização com um destino impossível —
Máquina de louco para realizar o motu continuo,
Teorema de absurdo para a quadratura do círculo,
Travessia a nado do Atlântico, falando na margem de cá
Antes da entrada na água, só com eles e o cálculo,
Atirar de pedras à lua
Ânsia absurda do encontro dos paralelos Deus-vida.
Megalomania dos nervos,
Ânsia de elasticidade do corpo duro,
Raiva de meu concreto ser por não ser o auge-eixo
O carro da sensualidade de entusiasmo abstracto
O vácuo dinâmico do mundo!
Vamo-nos embora de Ser.
Larguemos de vez, definitivamente, a aldeia-Vida
O arrabalde-Mundo de Deus
E entremos na cidade à aventura, ao rasgo
Ao auge, loucamente ao Ir...
Larguemos de vez.
Quando parte, Walt, o último comboio p'ra aí?
Que Deus fui para as minhas saudades serem estas ânsias?
Talvez partindo regresse. Talvez acabando, chegue,
Quem sabe? Qualquer hora é a hora. Partamos,
Vamos! A estada tarda. Partir é ter ido.
Partamos para onde se fique.
Ó estrada para não-haver-estradas!
Término no Não-Parar!
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