Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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O Assistente Hospitalar
estou sentado numa cadeira de latão do lado de fora do laboratório de raio X
enquanto a morte, em asas fétidas, bafeja eternamente
através dos corredores.
lembro dos fedores do hospital de quando
era um garoto e de quando me fiz homem e agora
que sou velho
e me sento, esperando, na minha cadeira de latão.
então um assistente hospitalar
um jovem entre 23 ou 24 anos
surge empurrando um equipamento.
parece uma cesta
com roupas recém-lavadas
mas não posso ter certeza.
o assistente é estranho.
não chega a ser deformado
mas suas pernas se movem
de um modo desgovernado
como se dissociadas dos
comandos motores cerebrais.
está vestido de azul, dos pés à cabeça,
empurrando,
empurrando sua carga.
pequeno e desajeitado garoto azul.
então ele vira a cabeça e grita para
a recepcionista junto ao guichê do raio X:
“se alguém precisar de mim, estarei no 76
por uns 20 minutos!”
sua face enrubesce enquanto ele grita,
sua boca forma um arco
voltado para baixo como a
boca de uma abóbora no dia das bruxas.
então ele entrou por alguma porta
provavelmente a do 76.
um camarada não muito bem-disposto.
perdido como ser humano,
caminhante avançado de alguma
estrada entorpecente.
mas
ele é saudável
ele é saudável.
ELE É SAUDÁVEL.
enquanto a morte, em asas fétidas, bafeja eternamente
através dos corredores.
lembro dos fedores do hospital de quando
era um garoto e de quando me fiz homem e agora
que sou velho
e me sento, esperando, na minha cadeira de latão.
então um assistente hospitalar
um jovem entre 23 ou 24 anos
surge empurrando um equipamento.
parece uma cesta
com roupas recém-lavadas
mas não posso ter certeza.
o assistente é estranho.
não chega a ser deformado
mas suas pernas se movem
de um modo desgovernado
como se dissociadas dos
comandos motores cerebrais.
está vestido de azul, dos pés à cabeça,
empurrando,
empurrando sua carga.
pequeno e desajeitado garoto azul.
então ele vira a cabeça e grita para
a recepcionista junto ao guichê do raio X:
“se alguém precisar de mim, estarei no 76
por uns 20 minutos!”
sua face enrubesce enquanto ele grita,
sua boca forma um arco
voltado para baixo como a
boca de uma abóbora no dia das bruxas.
então ele entrou por alguma porta
provavelmente a do 76.
um camarada não muito bem-disposto.
perdido como ser humano,
caminhante avançado de alguma
estrada entorpecente.
mas
ele é saudável
ele é saudável.
ELE É SAUDÁVEL.
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