Mercado de Frutas
Quando saí de casa hoje
a rua estava em silêncio
como se a vida geral se tivesse cansado
de tanta história
e se deixasse levar sem grandes vontades.
Lento, na calçada ao lado
passava um negro
quebrando o silêncio com uma doce toada.
"Vassoureiro!
Vassoura de pêlo!"
E carregava umas vassouras imensas
que pareciam mesmo coisas antigas
do tempo dos escravos.
Parecia um Rio de Janeiro de outrora.
Era um momento raro,
o presente permitia
a vitória do passado.
Com especial cuidado
desci a rua
em direção à feira
do Largo do Machado.
Longe, fugia a voz do negro
como se acaba um longo beijo:
"Vassoureiro!
Vassoura de pêlo!"
Com renovado cuidado
escolhi as frutas
que me sustentarão neste dia.
A cidade eterna e efêmera
navega em si mesma;
comigo em seu seio.
Rio de Janeiro, 7 de abril 1997
a rua estava em silêncio
como se a vida geral se tivesse cansado
de tanta história
e se deixasse levar sem grandes vontades.
Lento, na calçada ao lado
passava um negro
quebrando o silêncio com uma doce toada.
"Vassoureiro!
Vassoura de pêlo!"
E carregava umas vassouras imensas
que pareciam mesmo coisas antigas
do tempo dos escravos.
Parecia um Rio de Janeiro de outrora.
Era um momento raro,
o presente permitia
a vitória do passado.
Com especial cuidado
desci a rua
em direção à feira
do Largo do Machado.
Longe, fugia a voz do negro
como se acaba um longo beijo:
"Vassoureiro!
Vassoura de pêlo!"
Com renovado cuidado
escolhi as frutas
que me sustentarão neste dia.
A cidade eterna e efêmera
navega em si mesma;
comigo em seu seio.
Rio de Janeiro, 7 de abril 1997
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