Renato Rezende

Renato Rezende

1964-04-08 São Paulo
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[Re-Nato]

O poder da respiração—entrando e saindo do corpo

e tive a sensação de que um nó havia se desatado
em algum ponto profundo do meu corpo

Depois de completamente esvaziado, sinto-me pouco a pouco
sendo preenchido, desde os pés.

(Às vezes me sinto sem pé, submerso).

Saia para uma caminhada pelo bairro

(Como entendo essa língua em que me falam?)

Observe bem
As casas dos homens, as ruas da cidade:
Esta é tua casa.
O teu espaço, o teu
É a medida do teu braço.
A tua boca come,
O teu intestino digere,
Agora você é um homem.

Ah, a dádiva de ser uma pessoa normal entre outras.

Deus veio tocar Rachmaninoff

e tocou pior que Rachmaninoff

(era eu)

A perfeição não é fazer tudo perfeito

Tudo acontece para o melhor

Eu era uma menina de 7 anos quando fui estuprada e jogada num poço. Agonizei durante 3 dias e 3 noites antes de morrer. É por isso que vivo meio morto.

Esse ato de violência inaugurou nova vida,

o caminho de volta.

Hoje amo o assassino sinceramente.

Quando o mundo acaba, a casa se ilumina.

O amor está na respiração profunda.

Acabei de voltar do supermercado. Comprei
um maço de coentro e um de basílico. A mão
direita ficou cheirando a coentro, e a
esquerda a basílico. Ambos tão vegetais e tão
diferentes. E como nos é difícil descrevê-los!

Uma vida humana é muita coisa—é uma eternidade.

Não há porque sentir vergonha ou culpa, tudo que desabrocha é a própria alegria, é a própria limpeza.

No instante sereno
Em que todas as derrotas se tornam vitórias

A vida humana é longa
Se cada instante é doce

aqui tem um poço novo
poço dos desejos
lanço uma moeda de ouro
nesse poço

(viver cada momento como se rememorasse
em seu leito de doente, diante da morte)
eu fui Flora
eu fui Carlos
eu fui Jonas e Sebastião e Caius
e Raimundo e Stefania

(que importância um nome tem?)

Sou todo mundo,
agora você sou eu

(Uma mente sem fantasias):

Abra-te Coração.
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