Para te ver é longa toda espera
Há uma serra no teu peito
feita de sonho e de distância.
É nessa serra que me deito
com tua luminosa infância.
Ao te esfolhar, na tarde branca,
me extravio nas tuas ancas.
Habitando a paisagem branca
na curva dessa serra deito.
Assim, montando as tuas ancas,
cavalgo os sonhos do teu peito.
Depois, retido na distância,
na cama acendo a tua infância.
Nos veludos da tua infância
qualquer montanha é pura e branca,
claro verão que, na distância,
cintila sobre tuas ancas.
É minha a serra do teu peito
quando à sombra do teu corpo deito.
Sobre os lençóis, quando me deito,
meu coração é a tua infância.
Eu, pelas serras do teu peito,
sou um menino na distância,
cavalgando, na tarde branca,
os girassóis das tuas ancas.
Nos extremos das tuas ancas
cavalgo as serras do teu peito.
O teu corpo, na tarde branca,
é o meu lençol quando me deito.
Uma criança, na distância,
sou a serra da tua infância.
Quero galgar serra e distância
nas tuas mãos de nuvens brancas,
do mesmo modo quero a infância
e os girassóis das tuas ancas.
A mim me basta, se me deito,
morrer nas serras do teu peito.