Júlio Dinis
Joaquim Guilherme Gomes Coelho foi um médico e escritor português. É mais conhecido pelo seu pseudónimo Júlio Dinis.
1839-11-14 Porto
1871-09-12 Porto
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Livros
Júlio Dinis é o principal pseudónimo literário de Joaquim Guilherme Gomes Coelho (sendo o outro Diana de Aveleda). A ascendência inglesa por parte da mãe e a morte desta, em 1844, são elementos que na vida literária de Júlio Dinis não deixarão de ser significativos. Em 1855 matricula-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde completará o curso com altas classificações. A tuberculose, que já vitimara Ana Constança Potter, mãe de Júlio Dinis, mata igualmente, ainda em 1855, dois irmãos do autor. Em 1856 escreve as suas primeiras obras dramáticas e em 1858 as suas primeiras novelas, que juntamente com outras posteriores constituirão o volume Serões da Província. A tuberculose, que também o viria a vitimar, manifesta-se-lhe pela primeira vez em 1856, agravando-se a partir de 1860, ano em que surge o seu principal pseudónimo. Em 1861 defende tese de licenciatura e em 1863 pensa ocupar um cargo na Escola, ideia de que é forçado a desistir por imperativos de saúde e que só virá a concretizar-se dois anos depois. A partir de 1860 começara, entretanto, a colaborar em alguns jornais, publicando poemas, mas é a partir de 1862 que se inaugura a sua frutuosa colaboração no Jornal do Porto, com a publicação de algumas novelas que aparecerão posteriormente no volume Serões da Província. É durante uma estada em Ovar em 1863, para recuperação da doença, que realiza o esboço de As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais; Uma Família de Ingleses (assim era o seu título, original) tinha já sido iniciado por volta de 1858/1859. É na Madeira, aonde se desloca ainda por motivos de saúde, em 1869/1871, que é concebida a obra Os Fidalgos da Casa Mourisca, de cujas provas Júlio Dinis já não chega a efectuar a revisão completa. Os seus romances, com excepção deste último, apareceram todos em folhetins no Jornal do Porto (As Pupilas do Senhor Reitor em 1866, Uma Família de Ingleses em 1867, A Morgadinha dos Canaviais em 1868), antes de terem sido publicados em volume. Pelas próprias circunstâncias de saúde que sempre condicionaram toda a carreira literária de Júlio Dinis, a obra deste autor apresenta características que lhe são específicas. Com efeito, a sua capacidade de produção é notável, se tivermos em conta que morreu com 32 anos incompletos. O mesmo facto, por outro lado, traz à sua obra um modo relativamente constante na maneira de conceber o romance e as intrigas que lhe servem de base. As suas narrativas, com excepção de Uma Família Inglesa, cujo cenário é o Porto, desenrolam-se num ambiente onde a rusticidade desempenha papel fundamental. Não é, aliás, por acaso que normalmente se apontam como antecessores de Júlio Dinis nesta via O Pároco de Aldeia de Herculano e Os Contos do Tio Joaquim de Rodrigo Paganino. Se a intriga sentimental das obras de Júlio Dinis é facilmente convertível a um esquema de base relativamente fixo, onde é visível a manutenção de certos pressupostos de cariz romântico, por outro lado o autor demonstra aguda capacidade de observação na notação de ambientes e pormenores sociais e pitorescos e ainda um certo modo irónico mas ao mesmo tempo risonho que constituem indubitavelmente, na literatura portuguesa, características inovadoras e, até, de relativa raridade.