Manuel Lopes

Poeta, contista, romancista e ensaísta. Posto que registado oficialmente como tendo nascido na Ilha de São Vicente, é natural da Ilha de Santiago. Fez os estudos primários em Cabo Verde e os secundários em Coimbra, após o que regressou a São Vicente, onde se empregou na Western Telegraph, companhia ao serviço da qual haveria de viver nos Açores (1944-1955) e depois em Portugal, onde se aposentou e ficou a residir definitivamente. Um dos fundadores e primeiro director da revista Claridade, foi igualmente um dos principais animadores do movimento que à roda daquela revista lançou a moderna literatura do arquipélago. Tal como sucedeu com outros escritores das antigas colónias portuguesas, também este se estreou no Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, na edição de 1928, tendo continuado ali a sua colaboração até à edição de 1931, com cinco poemas e dois textos em prosa. Em 1932 estreou-se em livro, com a crónica Paul, editada em São Vicente. A partir de 1936 será a revista Claridade que absorverá o mor da sua colaboração dispersa, sobretudo ensaística e poética, posto que tenha colaborado também em Atlântico, Lisboa e Rio de Janeiro, e Cabo Verde, Praia. O seu primeiro livro de poemas haveria de ser editado em 1949 nos Açores, e o primeiro romance em 1956 em Lisboa. Participou no VI Congresso Internacional de Estudos Luso-Brasileiros (Boston e Nova Iorque, 1966) e está representado em numerosas antologias, nomeadamente: Poesia de Cabo Verde, de J. Osório de Oliveira (Lisboa, 1944), Antologia da Ficção Cabo-Verdiana Contemporânea, de Baltasar Lopes (Praia, 1961), Modernos Poetas Cabo-Verdianos, de Jaime de Figueiredo (Praia, 1961), Poetas e Contistas Africanos, de J. Alves das Neves (São Paulo, 1963), Literatura Africana de Expressão Portuguesa, vol. 1, Poesia, vol. 2, Prosa (Argel, 1967 e 1968), Contos Portugueses do Ultramar, de Amândio César (Porto, 1969), No Reino de Caliban, de Manuel Ferreira (vol. 1, Lisboa, 1975) e 50 Poetas Africanos, idem (Lisboa, 1989). Os seus romances estão editados em tradução na Rússia e na Ucrânia, e um deles, Os Flagelados do Vento Leste, tem uma edição brasileira e foi argumento para o filme do mesmo nome de António de Faria. Publicou e apresentou a congressos vários ensaios dedicados, sobretudo, à problemática literária cabo-verdiana e sobre o programa e as intenções do movimento Claridade.