Por fim lhe traí
Sentirei no corpo a brisa
Que sopra leve, desapercebida,
Passando suavemente pela vida
Que custei tanto para conseguir...
Assim serei borboleta,
Assim serei sereia,
O que será feito de mim?
Ao voar todas as manhãs
Por campos compenetrados de mistério
Com o rosto sério a me subestimar...
Sentirei por dentro um frio,
Vou querer afundar meu olhar
Na poça mais suja da rua
E ali indagar o pensar:
"Serei a sereia sua?"
Cantarei para seu espelho
Aquelas velhas músicas que lembram
Todos que já lhe esqueceram.
Eu levarei você comigo para o abrigo
Da chuva tola que molha o jardim
E você irá, sem mim,
Para o paraíso
Esta será a estória do Alecrim...
...o menino do mato que nasceu
Sem ser semeado...;
Como o nosso amor.
Sentirei a chuva, enfim
Caindo sobre mim,
Caindo e levando tudo
O que custei para conseguir.
Parece divertido ficar aqui lhe esperando,
Você que não chega na hora marcada
E não há nada mais triste,
Inconfundivelmente chato,
Do que amar sem ser amada.
Por fim, eu lhe traí.
Preferi o vento
À este sentimento
Que menti
Ser sincero no momento...