Celso Ciampi

Fico horas aí parado,
Nessa rua tão linda,
Já estou acostumado,
Com o cachorro da Florinda.

Mas não quero nada com ela,
Meu negócio é com você,
Faço ponto na sua rua,
Para, ao menos, te ver.

E você me ignora,
Como se eu fosse uma árvore,
Depois que vou embora,
Sofro, pois a pele arde.

Mas eu volto no outro dia,
Fico aí parado,
Você sai de carro novo,
Que percebi estar amassado.

Eu conheço um funileiro,
Bom de serviço demais,
Se você me der um aceno,
Te levo lá e o serviço ele faz.

Mas eu quero mesmo é você,
Todinha para mim,
Larga logo seu marido,
E vem ser feliz comigo!

Outro dia eu te mandei um beijo,
Você até sorriu,
Já te fiz outros gracejos,
E você se divertiu.

Hoje não fico na rua,
Nem vejo mais a Florinda,
Hoje vou te amar
Na sua cama linda!

Ontem foi horrível,
Um dia para esquecer,
Eu estava tão feliz,
Acabou tudo ao te ver.

Por que fez aquilo?
Eu nunca vou entender,
Um show na minha porta,
Para todo mundo ver.

Me chamou de tanta coisa,
Me xingou sem motivo algum,
Caluniou minha pessoa,
Se fez de vítima, mas é culpada,
Armou para mim essa presepada.

Que dia péssimo foi ontem!
Não era para ser assim,
Vi que estava bêbada,
Por isso eu nem desci.

Lembre-se que quem terminou foi você,
Alegou que não me amava tanto,
Mas sabe o quanto te amei,
Fez aquilo para me comprometer.

Agora vai sofrer as consequências,
Quando eu te der o troco,
Não será com indecências,
Pois não sou nenhum louco.

Eu te darei o desdém,
Nem vou olhar nos seus olhos,
Vai ser como se não existisse,
Nem adianta reclamar.

Entenderá que eu sou mais,
Que não tenho sua baixeza,
Sou homem de virtude,
Não gente sem fineza.

Segredos? Não sei nenhum,
Se soubesse não diria,
Sendo segredo tem que guardar,
Nem sob tortura eu falaria.

Se soubesse o segrado da vida,
Também não te contava,
O guardava aqui comigo,
Para o túmulo eu levava.
E não acredito que alguém vivo o saiba,
Pois a vida é tão extensa,
Teria tantos segredos que nem se contavam.

Nos meus ouvidos morrem os segredos,
São guardados a sete chaves,
Todas elas jogo fora,
Para não me tentar a abrir os cofres.

Um segredo é sagrado,
Mas, se contam, vira pecado.
Eu prefiro ficar calado,
Esquecer o que me foi contado,
Deixar no céu meu cantinho reservado.

Um segredo espalhado,
Já não é mais segredo,
É uma fofoca desmesurada
E o fofoqueiro merece o degredo.

Meu segredo eu não conto
Nem para mim mesmo,
Vai que eu seja o fofoqueiro,
Fico todo desnudado.

Seu segredo deve ser só seu,
Fique com ele bem guardado,
Saiba que na primeira oportunidade
Por seu rival será usado.

E por falar em rivalidade,
Procure não as ter,
Elas são, na verdade,
Um perigo para você.

Então, segredo não é para ser espalhado,
Espalhe, sim, amor pelos cantos,
Dessa forma você será bem lembrado.
E quanto aos segredos, deixe-os sob os mantos.

Deixe estar como está,
Não mexa nenhuma palha,
Nada vai adiantar,
Nem o momento que o valha.

Há coisas mais importantes,
Que você deve cuidar,
Cuide bem de você
É o que vai precisar.

E não fique triste, não,
Se ficar não caia,
Se cair levante,
E siga andando...

O que não é seu 
Deixe de lado,
Pegue apenas o que te pertence,
O resto é peso dobrado.

Faça boas escolhas,
Escolha ser o melhor,
Mas não subjugue ninguém,
Seja melhor do que você.

E no dia de amanhã
Então colherá bons frutos,
Que você plantou
E cuidou com tanto zelo...

Quase me perdi,
Querendo te encontrar,
Quando encontrei,
Que vontade de chorar.

Você estava linda,
Vestida como uma deusa,
Vi que era feliz,
Voltei, com certeza.

Casada com outro,
Como isso me doeu!
Caí do meu cavalo,
Chorei, meu amor se perdeu.

Descontrolado, me entreguei,
Desci ao fundo de um poço,
Desolado lá fiquei,
Doído, quase morto.

Seu amor me faz falta,
Sei que pode ser loucura,
Será a melhor delas, pois,
Somente ele me cura.

Pode vir com tudo,
Querendo me ganhar,
Meu coração está fechado,
Aqui você não vai entrar.

Desiludi da vida,
Nunca mais vou amar,
Eu preciso respirar,
Dar uma grande sacudida.

Amor, por enquanto,
Aqui não entra.
Se quiser alguma coisa,
Espera e aguenta.

Preciso desse tempo,
Não aguento mais sofrer,
Toda vez que eu amo,
Penso que assim vou morrer.

Então fechei todas as minhas portas,
Pus mil trancas e sumi com as chaves.
Estou bem aqui comigo,
Não quero mais ninguém.

Não vi graça alguma no que aconteceu,
Onde estava com a cabeça?
Fez um circo com quem te ama,
Parece que até já se esqueceu.

Muito triste sua conduta,
Pensei em te xingar,
Mas mantive o meu brio,
Eu queria até gritar,
Segurei essa barra bruta.

Quem você pensa que é?
Vai sofrer muito nessa vida,
Eu não vou correr atrás,
Me cansei, sua atrevida!
Para quem é como você,
Melhor mesmo a descurtida.

Se acha melhor que os outros,
Pensa ser a última bolacha do pacote,
Mas lembre sempre que é ela,
A que está toda quebrada,
Normalmente vira farinha,
É a mais rejeitada.

Mas se você acredita que é engraçada,
Por pisar em quem te ama,
Saiba que está bem enganada,
Depois vai chorar na sua cama.

Desde já te viro as costas,
Nem adianta me chamar,
Você para mim não existe mais,
Eu não vou nem chorar.

E para fazer uma graça,
Essa poesia vou melar,
Vou jogar o papel às traças,
Para nem esse lamento te revelar.

Quando as luzes se apagam,
Você ilumina o ambiente,
Sua felicidade cheia de luz,
Deixa claro o nosso amor.

Você tem o dom de iluminar,
Por onde você passa,
Fez luz no meu coração,
Me tirou das trevas da solidão.

Eu me guio por seu brilho,
Preciso de sua luz,
Sem ela não sou nada,
Nem sou visto na escuridão.

Você aquece minha vida,
Faz brotar em mim a paixão,
Me alimento desse calor,
Ele me dá muito tesão.

E quando as luzes se apagam,
Nossos corpos se enlaçam,
Numa crescente incontenção,
Que só os amantes conhecem.