Helio Valim

Helio Valim

Alguém interessado em usar a poesia como uma crônica poética do cotidiano, com realismo e imaginação. Possuo mais de 30 anos no magistério superior tendo lecionado em Instituições de Ensino no Rio de Janeiro.

1959-10-03 Rio de Janeiro
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Alguns Poemas

Amor inacabado (Miniconto)


Paraty, cidade no Rio de Janeiro, cheia de histórias de outras eras, de um tempo mais lento, hoje destino turístico com lindo casario, natureza exuberante e ótima gastronomia. Mas este conto não é sobre gastronomia.

Viajei a Paraty, fora da temporada, para aproveitar um instante de relaxamento. Hospedei-me em uma pousada no Centro Histórico e fui envolvido em uma história fantástica.

Paraty por ser o porto onde o ouro das Minas Gerais era embarcado para Portugal, parte da antiga Estrada Real, a Estrada do Ouro, também, era o local preferido por corsários, piratas com carta de corso, a serviço da rainha da Inglaterra, para capturarem seus tesouros.

Conta a lenda que um comandante corsário após a conquista do seu butim foi perseguido pela Guarda Real, mas durante algum tempo conseguiu se esconder, abrigado por uma dama da sociedade local.

Apaixonaram-se e viveram intensos momentos de amor. Até que o comandante foi encontrado, preso e sumariamente enforcado. A dama sem saber do ocorrido, continuou a escrever cartas de amor, encaminhadas ao Intendente Geral que as devolvia, sem explicações, até a sua morte.

Hospedado no quarto principal da pousada. Sem saber que era o quarto dos amantes. À noite, em um momento na madrugada, ouvi um tortuoso lamento. Percebi um vulto, a silhueta de uma mulher na penumbra, que apontava para a soleira da porta do quarto e chorava. Quando me aproximei ela sumiu e não mais apareceu.

Ao amanhecer, examinando a soleira, encontrei um compartimento secreto, onde, amarrado por um laço de cetim, hibernou por séculos, um maço de cartas de amor.

Conhecendo a lenda, imediatamente, levei-as ao cemitério do Forte Defensor Perpétuo em Paraty e coloquei-as sobre o túmulo do comandante. Enfim, a Dama de Paraty pôde descansar ao lado do seu amado.

Pesquisando a história daquela dama, descobri que ela havia casado, apesar de não ter esquecido o amor corsário, e constituiu uma família, tendo filhos, netos, bisnetos, trinetos... Para minha surpresa, e de vocês, vim a saber que ela era minha antepassada, de um ramo familiar há muito esquecido. Pois é, a vida é escrita assim!

Paradoxo de Hermes (Miniconto)


Hermes (nome do Deus da mitologia grega que, entre outros atributos, era o “mensageiro”), jovem e inteligente, sem família ou amigos, não conseguia conter seus instintos, que permitiam o surgimento de seu lado obscuro, aflorando nas ruas da vida, no seu dia a dia em agonia.

Desorientado, desconectado do mundo real, armado pronto para tudo, vagava sem destino pelos becos da cidade. Precisando de dinheiro para seus vícios, buscava por uma  presa.

Ao passar por um beco percebeu a silhueta de um homem, bem vestido, aparentando possuir posses. Nesse momento, sem hesitar disparou a arma, atingindo-o. Percebendo que o senhor já não mais respirava, retirou seus pertences e fugiu.

Dias depois, foi capturado, julgado e condenado por latrocínio. Sendo primário e por estar drogado, fora da consciência, teve a pena reduzida, sendo encaminhado ao presídio.

No presídio, Hermes contou com ajuda e apoio adequado. Seu intelecto diferenciado é reconhecido, então ele consegue estudar e se forma em física. Ao término do cumprimento da sua pena, continuando os estudos, torna-se doutor em física quântica, especializando-se em dobras do espaço-tempo.

No futuro, mais velho, desenvolve um aparato que controla a antimatéria e permite observar o tempo passado. Aprimorando tal aparelho e consegue criar uma dobra no espaço-tempo e volta ao passado para avisar e impedir o crime que cometera e que tanto o atormentava.

Ao chegar naquele beco, nos minutos que antecederam ao momento fatídico, nota a chegada de seu “eu do passado”, mas antes que pudesse fazer algo é alvejado por ele.

Na iminência de morrer percebe que está preso no paradoxo, do mensageiro, que jamais conseguirá entregar a mensagem e interromper esse ciclo de eterno sofrer. Hermes intui, nesse momento, ser a fonte da sua salvação e, também, da sua perdição, mas jamais da sua paz.
Alguém interessado em usar a poesia como uma crônica poética do cotidiano, com realismo e imaginação. Possuo mais de 30 anos no magistério superior tendo lecionado em Instituições de Ensino no Rio de Janeiro. Sou mestre em Engenharia, pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior e graduado em Engenharia Civil e Arquitetura.

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