Sofia Ligon

Costumo sentir a amargura de devaneios que me tiram o sono. As portas do meu inconsciente vivem sendo abertas de supetão por fantasmas. Uma pena.Uma menina tão especial mas tão paranoica. Que desperdício. Me tornei a minha maior inimiga.

Disponível em: http://sofialigon.blogspot.com.br/2015/06/meu-primeiro-desabafo.html

esse romance
que era um lance
se tornou um nada outra vez
você vai
me desconcerta
me reparo
você volta
me despedaça
e vai embora
o alívio não condiz com as promessas
o pensamento é inquisidor
a palavra é muda
confiança nunca senti
vá em paz
e saiba que dessa vez eu nem sofri

Você pode rir
um risada impura
distorcida
espero que sua angústia
assombre seus desejos
e ataque os seus amores
como uma tempestade
durante o verão.
Espero que seus ossos derretam
que seu chão suma
enquanto você implora
pra que alguém lhe proteja

Eu nunca soube exatamente o que ele sentia.
Até que explodiu na minha cara.

Os sonhos que esqueci
as viagens que adiei
as dores que omiti
os beijos que neguei
as pessoas que desconheci
os surtos que disfarcei...

até as coisas que não são minhas
fazem parte de quem eu sou.

Todo mundo acredita que sabe um pouco da vida. Sabe quantos litros de água por dia se deve tomar, sabe a biografia de vários autores importantes, sabe que não gosta de bossa nova (ou gosta, sei lá!), sabe que tem medo de cobras ou que odeia panetone. Mas um dia você ganha um olhada desconcertante, uma mordida nos lábios ou um beijo na barriga e então você só sabe de uma coisa: que não quer sair daqueles braços miúdos nunca mais.

Pelo que me lembro, minhas manhãs sempre foram pintadas com cores vivas e aromas doces. Num dia desses, um pequena rachadura apareceu no chão do meu quarto. Todos deram pouca importância, diziam que é assim mesmo, com o amadurecimento, as coisas passam a apresentar alguns defeitos. Após alguns dias, essa rachadura se tornou um buraco imenso que impedia com que eu saísse da minha cama, que eu saísse do meu quarto. Não gritei por ajuda, só fiquei ali, esperando que de alguma forma aquilo se restaurasse. Minha mãe tentou cobrir esse buraco com várias coisas. Em vão. Fiquei ali, imóvel até que um dia cheguei à conclusão de que aquela situação não podia continuar. Movi minha cama, meus móveis de forma que o buraco ficasse escondido. Ele ainda está aqui mas eu decidi que não vou deixá-lo afetar a minha vida de forma tão notável.

Para mim
você é um suspiro
no meio de uma revolução;
a cicatriz
de um ataque fatal;
um verso
de Os Lusíadas;
um pecador
no inferno.

Eu queria ser consistente
uma pessoa valente
que sempre diz sim.
Queria viver aventuras
pular de grandes alturas
sem me preocupar com o fim.
Queria abraçar o mundo
e esquecer por um segundo
esse vazio que mora em mim.