Terra de Sóis

em 1500 Veraz Cruz é tomada
e repartida entre eles
o cheiro de morte, da tão amarga morte
apodrece a jângala de nômades

de longe vieram em seus barcos fúnebres com incontáveis galinhas
em suas memórias traziam
“D. Dinis nunca será trovador provençal”

sobre as portentas margens latinas
chegaram em roupas pesadas no calor tropical
Peroz Vaz sem caminho veementemente escreveu
“o melhor fruto, que nela se pode fazer,
é salvar essa gente de terra afável
essa gente sem lei e nem rei
que andam com suas vergonhas despidas
e que meu deus que os salve

nos sarçais pré-colombianos
bebiam cachaça cuspida de mandioca
nas tardes com mais de mil sois
nas terras com mais de mil povos

os povos de longe sequer saberão tupi-guarani
nem bakairi, suruí
tampouco o tore Oiapoque
ou o cocar yahua

caiapó não conhece holandês
os Tiriyó-Kaxuayana não destruíram florestas inteiras
nem os pataxós trouxeram consigo centenas de vidas roubadas da África
sardinha morreu porque não era caeté
porque o Brassil sempre será Marajó

124
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores