Vendo-me

Tenho a porta aberta
à sete palmos de relevo
e a paz que nos concedemos
é pá de cal e medo.

Não peço flores
condecorações promessas
meu coração tem pressa
amplidão, a alma.

Desespera as gentes
a nau vaga, espraia à terceira
margem, acalmam-se.

Aos sais com panelas
quiabos, cozinha de santo
morto é fogo dado.

Quiseram-me concreto
fiz-me abstrato,
estou-me a por vendas
e não há preço, de tão barato.
 
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