País cadê?

Poema surdo-mudo
diz e quer se ouvir
o que de mim você tateia
e que em braile à teia arma.

Somos labirinto adentro
e de nós a fuga escapa
inútil revolver as portas.

Ainda morta, língua
é quem nos maltrata.

Poema surdo-mudo
desdenha-me os segredos
e à espreita escuta em relevo
sentimentos Guimarães.

Diadorim Dora
Caymmi, ilusões.

Íntima tempestade
minha alma em taça sorve
bebe de si sertões
onde houvera pão com céu.

Sou Canudos
e pedra no caminho do meio
onde quando meu cordel.

Conosco todos ao beleléu
terra por derradeiro beijo
toca-me os lábios rijos.

É o Brasil um inventário
de ocasos, a procissão.

Às margens do rio Preto
sou de Tejo corsário pagão
de volta sobre os tamancos.

É o Brasil sudário
de um morto a viver de espanto
Calabar Romeu.
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