Eduardo Becher

Eduardo Becher

Curitiba, Brasil. Lirista dos próprios sentimentos.

2000-11-15
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Mãos Vazias

Minhas mãos vazias
carregam o mundo
que é tão profundo
quanto as tardes frias.

Vivo o amor platônico,
pois preciso tê-lo,
não me importa vê-lo
sob o mar disfônico.

É inútil ler
e estudar matérias
que, se fossem sérias,
saberiam ser.

Um saber disforme
é o que armazeno
dentro de um terreno
inóspito e enorme.

Às vezes eu grito,
só para testar
minha voz, pelo ar
que tanto me ignora.

O tédio me adora
e a ele eu me agarro,
não há café ou cigarro,
o tédio me basta.

A afeição me afasta
e sei que mereço,
pois eu nunca cresço
e esqueço o espinho.

A flor mais bonita
não chora, não grita
e sofre calada,
vive de carinho.

Sou uma planta amassada
perdida na relva;
entre os dedos eu carrego
a essência do nada.
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