Se eu lavrasse terrenos
Todos os dias eu penso,
E penso que repenso
O já estar farta de pensar.
Tanta terra batida
Pronta a lavrar.
Muito fácil é sonhar,
Mas custa-me adormecer.
Às vezes abraço a almofada,
Viro-me vezes sem conta,
Tiro a meia para roçar o pé no lençol,
E tiro a mão para roçar o lençol no rosto.
A Camila desfaz a cama
E a cama desfaz a Camila.
Tento dormir para descansar,
Mas descansar cansa, e não durmo.
Penso, e penso que repenso o já estar farta de pensar.
Então sonho para me distrair…
Só que sonhar sem dormir
É como ter fome sem comer:
Sentir com o pensamento
E pensar tanto que nem se sente.
Honestamente,
Estou dormente.
Tanta terra batida
Pronta para lavrar.
Fecho os olhos,
E penso que lavro,
Sonho que lavro.
Mas que maldição
Ser isto tudo
Da minha cabeça.
Não há dia, hora ou minuto
Em que o pensamento
Desapareça.
Se eu lavrasse terrenos,
Não havia tanta terra batida
Pronta para lavrar.
Seriam meus dias amenos,
Seria calma a minha vida
Se parasse de pensar e sonhar.
Mas eu não lavro terrenos,
Eu penso e sonho
E penso que sonho
E sonho que penso
E é tudo tão intenso
Que não há como parar,
E cá continua a terra batida
Pronta para lavrar.
Se tivesse terrenos lavrados,
Haveria terra para bater,
E se lavrasse terrenos
Pararia de escrever.
Se eu lavrasse terrenos,
Pensar ou sonhar
Não era um problema.
Mas de que serve viver,
Sem sonhar ou pensar,
Se é a sonhar que vou pensar
E é a pensar que vou sonhar
Que acabo por me inspirar
Tornando em poema o dilema.
E termino o dia a respirar
Fundo, bem fundo,
Muito fundo,
Tão fundo…
Acendo uma vela,
Giro o disco de vinil,
Entrelaço os dedos,
Repouso as mãos na barriga,
As costas na cama,
Os olhos no teto.
Por instantes chamo Deus,
Deste mundo arquiteto,
Que me vem fechar os olhos serenos
E aguarda que lhe pergunte:
E se eu lavrasse terrenos?
E penso que repenso
O já estar farta de pensar.
Tanta terra batida
Pronta a lavrar.
Muito fácil é sonhar,
Mas custa-me adormecer.
Às vezes abraço a almofada,
Viro-me vezes sem conta,
Tiro a meia para roçar o pé no lençol,
E tiro a mão para roçar o lençol no rosto.
A Camila desfaz a cama
E a cama desfaz a Camila.
Tento dormir para descansar,
Mas descansar cansa, e não durmo.
Penso, e penso que repenso o já estar farta de pensar.
Então sonho para me distrair…
Só que sonhar sem dormir
É como ter fome sem comer:
Sentir com o pensamento
E pensar tanto que nem se sente.
Honestamente,
Estou dormente.
Tanta terra batida
Pronta para lavrar.
Fecho os olhos,
E penso que lavro,
Sonho que lavro.
Mas que maldição
Ser isto tudo
Da minha cabeça.
Não há dia, hora ou minuto
Em que o pensamento
Desapareça.
Se eu lavrasse terrenos,
Não havia tanta terra batida
Pronta para lavrar.
Seriam meus dias amenos,
Seria calma a minha vida
Se parasse de pensar e sonhar.
Mas eu não lavro terrenos,
Eu penso e sonho
E penso que sonho
E sonho que penso
E é tudo tão intenso
Que não há como parar,
E cá continua a terra batida
Pronta para lavrar.
Se tivesse terrenos lavrados,
Haveria terra para bater,
E se lavrasse terrenos
Pararia de escrever.
Se eu lavrasse terrenos,
Pensar ou sonhar
Não era um problema.
Mas de que serve viver,
Sem sonhar ou pensar,
Se é a sonhar que vou pensar
E é a pensar que vou sonhar
Que acabo por me inspirar
Tornando em poema o dilema.
E termino o dia a respirar
Fundo, bem fundo,
Muito fundo,
Tão fundo…
Acendo uma vela,
Giro o disco de vinil,
Entrelaço os dedos,
Repouso as mãos na barriga,
As costas na cama,
Os olhos no teto.
Por instantes chamo Deus,
Deste mundo arquiteto,
Que me vem fechar os olhos serenos
E aguarda que lhe pergunte:
E se eu lavrasse terrenos?
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