camila_duarte

camila_duarte

2003-01-10 Coimbra
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Quem dá mais, Preciosa?

Mil 
Dois mil 
Cinquenta mil 
Seiscentos e cinquenta mil 
Cem mil 

Sem mil…
Sem milagre que a salve. 

Ela jaz 
Entre bronze, prata, ouro, 
Montes de moedas
E pedras preciosas. 

De mantas encarnadas
Adornada. 
A dor nada
No seu sangue,
No seu suor, 
No seu semblante. 

Pálida,
Gélida, 
Impassível. 

Quase de uma estátua se fala, 
“Tão rígida” - diria eu 
“Tão esculpida” - diriam eles

Mil 
Dois mil 
Cinquenta mil 
Seiscentos e cinquenta mil 
Cem mil 

Sem mil…
Sem milagre que a salve. 

Quase de um retrato me apercebo, 
“Tão apática” - diria eu 
“Tão sensual” - diriam eles

Mil 
Dois mil 
Cinquenta mil 
Seiscentos e cinquenta mil 
Cem mil 

Sem mil…
Sem milagre que a salve. 

Intocável, 
Que esperas do mundo?
Tens medo do toque
E com toda a razão. 

Sinto asco desses
Que te puseram exposta,
Entre as ditas preciosidades,
Como se fosses escultura ou retrato. 

Obra serás, 
Divina sem dúvida, 
Digna porventura. 

Sinto os teus tremores daqui 
E fervo. 
Então peço ao homem que não amo, 
Que dê mais. 
Um milhão. 

Vendida. 
A mim. 

Não daria nada por ti, 
Não por valeres pouco, 
Mas por não haver valor justo para te adquirir. 
Nem mil
Nem milagrosas quantidades de metais preciosos. 

Chegas finalmente a meu lado 
E pergunto-te o nome.

“Preciosa”.
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