O Pássaro da praça

Feroz não é o cão,

Não é o leão, não é o não. 

Feroz é o pássaro da praça

Que se empanturra com a desgraça.

O pássaro da praça agita a fauna e garfa a alma

Dos que comem na palma de sua mão:

Quase toda a fauna.

O pássaro da praça causa trauma,

Dirige na escuridão e joga a pedra e esconde a mão.

 

O pássaro da praça cisca, belisca e atiça a agitação.

Agita porque se explodir ele ganha com a explosão.

Se não explodir ele ganha com a decantação.

O pássaro da praça não é gente não,

Transforma a vida em uma corrida pelo pão.

O pássaro da praça para colecionar castelos

Esfarela a alma da minha aldeia e semeia flagelo.

 

O pássaro da praça precisa encher o infinito de alpiste

E pra isso: ele mata e desmata para matar a fome que não existe.
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