SergioBVianna
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Lilith
És tão bela e amena como um dia de verão…
Não, poema errado.
Se em meus brados te acordo
Entre as tumbas esquecidas
É porque de ti ainda não me desfiz.
Se em teu seio eu me fiz feliz
Um parceiro para esta vil vida
Então aqui retorno para fazer meus votos
Do meu sangue eu te dou
De meu coração abro mão
Tudo para lhe retomar a razão
Te trazer de volta ao perdão
Caminhei ao teu lado pelos campos escuros
Onde sol algum tocaria nossas peles
De mãos dadas pelas lápides, proferimos promessas
Destas apenas da morte você ainda a cumprir
Em teus olhos vermelhos
Dos lábios escuros
Do cabelo da noite
A ti me entrego por inteiro
Seu fiel escudeiro
O cavaleiro negro
Do castelo de pedra
Que tombaria céu ao chão
Congelaria o inferno em prisão
Se de tua alma a me escapar
Então não terei escolha senão me matar
Para do outro lado continuar sendo teu bardo
Que ao cantar minhas letras
Tão perdidas em trevas
Te encontrem no amor, por onde escondo minha dor.
No véu negro da noite
Por onde anda teus pés
Me farei teu refém
Que leve para o além
Onde ninguém me retém.
Deitados em caixões
Sem velas em porões
Te abro minha veia
Como quem uma torneira
E deixo escorrer, do elixir de viver
Voando no céu pelos ares de véu
Um morcego qualquer
A procura de fé
Caindo aos teus pés
Carente por sangue
Em teu seio crispado.
Lilith, minha Rainha do amor
Se nos outros causa pavor
Saiba que em mim nunca faltará calor
És tão bela e amena como meia-noite de inverno
Onde o frio emplaca o sentimento que mata
Em teu vestido negro salpicado de rubro
Rubis de um vinho nada caro em te dar
Te beijo no infinito prazer
Onde sei que nunca vou te perder
Nesta lua tão branda que em meu sentimento espanta
Qualquer medo do escuro
Que num passado soturno
Aguardei por você, em cada sombra na parede
Cada sussurro no escuro
Uma mão em meu peito
Um latejar imperfeito
De quem te ama no leito.
(Lilith, 24/04/2023)
*Poema escolhido pelo concurso do Projeto Apparere, e publicado em livro físico na 7º Coletânea de Poemas, Sonetos e Cordéis.