Dedico o meu tempo a alguém que nunca me amou,
Seja em prosa, em música ou em letras maiúsculas,
Gritadas pelas paredes ocas de meu coração.
Coração, este em que guardo as piores delas
Como em sepulcros soturnos,
Por vezes aberto apenas como um desejo mórbido
De lembrar de nós dois.
Por onde andas tu?
Ainda omitindo, mentindo
Para quem lhe entregou seu coração?
Ainda fingindo sentir, algo que seu frio reinado de gelo,
Congelou e matou, para nunca mais se levantar?
Por onde passa, seus amantes se tornam estátuas
Impedidos de saber o que é amar.
Um reflexo das traições que não apenas perfuram,
Mas destroem e corroem as almas.
Eu lhe entreguei minha vida, minhas promessas
Eram sinceras. O meu amor não era de brinquedo,
E por isso jamais seria quebrado, embora brincado
Jogado fora, largado como um salto alto arrebentado.
Como aquele usado na noite
Em que o outro beijou teus lábios.
Os lábios usados nos meus,
As mentiras usadas em meu ouvido.
E eu acreditando, indo dormir com o seu
“Te amo”.
Ao partir, tudo que perdi foram
Falsidades e o controle de você sobre mim.
Não me deixando enxergar,
Não me deixando lutar.
Me mantendo preso ao que eu acreditava de você.
Hoje, não sei quem era.
Para onde foi, ou para quem mente.
Mas sei que nunca alguém amará como eu,
Te entregará o corpo e a alma sem pestanejar.
Sempre ali para te ajudar.
Nem o pacto com o diabo custaria tão caro.
Aliás, prefiro ele a você.
Ao partir, você perdeu um amor de verdade.
Ao partir, eu enfim ganhei liberdade.
(Te Dedico)
*Poema escolhido pelo concurso “Poetize 2024”, e publicado em livro físico pela editora Vivara Editora Nacional.