SergioBVianna
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O Rato
O roto rato
Sujo de esgoto
Perdido no desgosto
De se ver tão morto.
Mudaria minhas vestes
Trocaria minhas botas
Botaria do perfume
Em que o cheiro fosse doce
Como sua alma que adoece
Me entristece,
Feito uma prece rupestre
Onde nada lhe apetece.
Mas aqui estou
Diante de ti
Ajoelhado pra ti
Morrendo por migalhas
De um amor cheio de falhas.
Me alimente, por favor
Já não aguento sentir dor
Venho aqui dos confins do mundo
O rei do submundo
Minha capa e meu escudo
Soturnos como os buracos
De onde saio, me parto
Em direção ao fardo
Que é confundir amor
Pela dor de se fazer favor.
Me perdoe pela pressa
Se lhe faltei com a educação
Mas este rato desgraçado
Está cansado do asfalto
Por onde patas se arranham
Pelos que caem
Amores que iludem.
Se fui feito de teste
Até onde poderia ir
Saiba que morri por ti
No momento em que a vi
Agora, aqui
Vendo-a sorrir
Sinto suas mãos se fechando
Ouço meus ossos se quebrando
De meus olhos emana o pavor
Por onde os lábios se perdem o calor.
O corpo que desce
Escorre e se perde
Pelas águas das ruas
Onde as lágrimas das chuvas
Me guiam para o fim
Indo para onde saí.
Dali não deveria ter sonhado
Em ser príncipe encantado
Apenas um roto rato
Onde amores verdadeiros
Não mudam o que os olhos
Enxergam por inteiro.
Morto e sem dinheiro
Largado ao desespero
Amaldiçoado por teus beijos
Onde apenas sonhei em meus anseios.
Sábio aquele é
Que sabe o que quer
Sem esperar pelo amanhecer
Onde o príncipe se muda por inteiro
Um monstro sem valor
Contigo por clamor.
Nunca saberemos como seria
O rato roto te amando
Noite e dia.
(O Rato, 03/05/2023)