SergioBVianna

SergioBVianna

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1994-02-08
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Em Todo Lugar

Às vezes é apenas um tiro 

Direto na testa, assim que interessa 

Nem ao menos precisa de festa 

Ô Capitão, homem ao mar! 

Relaxa, é apenas mentira 

Cinzas de um reles mortal

Partindo em direção ao umbral. 

 

Na espuma do mar, o meu desfazer a se realizar 

Como café ralo, nem ao menos deixa amargo. 

 

Milhares de mim, correndo sem fim 

Indo ao fundo e voltando 

Me fundindo e recriando 

O cristalino do mar a me levar 

O sol sempre ao meu redor. 

 

Nunca me senti completo enquanto vivo 

Agora vou aprendendo, descobrindo 

Vivendo de uma vida que nunca pude ter 

Em cada momento, em cada destino. 

 

Nesses pequenos grãos que viajam 

Vou evoluindo e fluindo 

Senti mais do sol do que em toda a minha vida 

Aprendi com pessoas de idiomas que eu nem ao menos conheço 

Senti da chuva que alçava as ondas em direções furiosas 

Esbarrei em animais que nem ao menos notaram minha presença. 

 

Em algum lugar, minha consciência continuava a navegar 

Aprendendo de tudo, de cada pedaço perdido pelo mundo 

Nunca enxerguei do fim que me prometeram 

Apenas senti o prazer de ser livre. 

 

Passando pelas portas do universo 

Me tornando a poeira que avançou pelo vento 

Me fundindo a novas terras, novos horizontes 

Em novos planetas, sendo parte do chão de uma nova civilização 

Pelo céu voando como qualquer ave que nunca há de cair. 

 

Saiba que no dia em que parti 

Nunca foi tão fácil de me encontrar. 

 

 

(Em Todo Lugar, 24/04/2023)

*Poema escolhido pelo concurso “Poesia Br”, número 6, publicado em livro físico pela editora Versiprosa. 

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