Brancura as cabelos e mofo nas paredes
Quem sabe essas lembranças irão se pôr com o sol de amanhã
quem sabe essas meias verdades se tornem inteiras de algum modo
e esse chão colha somente as folhas da amizade e perseverança
quem sabe esse tempo dê algo a mais do que somente brancura aos cabelos e mofo nas paredes
quem sabe esse horror tenha seu fim mais breve do que esperado
e eu que tantas vezes me vi calado
esperando o momento de dizer
sempre observando os passantes
observando sem ser observado
nesse momento em que chove
chove? pois não ouço
sim. chove, mas não aqui
mas em algum lugar chove
há sempre sol em algum lugar
sempre chuva em algum lugar
onde, então, há alguém?
onde há pessoas que lembrem?
há, em algum lugar, uma morada
feita de tijolos, um sob o outro
com uma porta grande e pesada
que se encontra muito longe nessa entrada
estrada essa serpenteia pelos vales da alma
e sai na floresta da solidão
uma após a outra, as árvores vão
uma após a outra, nessa ida é tudo vão
tudo é dúvida e desencontro
tudo que construo, logo desmonto
e nessas idas e vindas da alma
estou sempre entre essa e a outra
a sensação de que tudo é falso
por dentro
a vida triste e cruel
por fora