Geração refrigereco

Avisem-no que os anos oitenta por aqui acabou,
Avisem que o rock morreu e a liberdade mudou.

Informem-no que a repressão agora está travestida
De amor e agora controlando sua vida.

Deixem-no saber que colaborou para o aumento do mau
Em sua insistência na vida investiu muito mal.

Olhem-no de soslaio: o seu sonho ruiu,
De sua luta vencida acabou no covil.

Carregou os pertences de seu tirano eterno
Bajulou o carcereiro do presente flagelo.

Tentou aparecer como um homem notável
Gastou mundos e fundos em saco não retornável.

Perseguiu os prazeres dos momentos sidéreos
Acordou no palheiro das cinzas do cemitério.

Ele olhou para trás, viu os escombros da vida
Quando olhou para frente viu-a assim esvaída.

Dos incautos amores saboreou o que pôde
Inauditos louvores tiraram-no do controle.

Hoje soberbo e cansado grita ao mundo o profundo
Saber dos antigos soldados vagabundos imundos.

Não venceu sua guerra ela mudou de lugar
Hoje come no prato que cuspiu no jantar.

Olhem-no por debaixo do lençol empoeirado
Escondendo a sujeira do desequilíbrio passado.

Deixem-no ali quieto como relíquia esquecida
Com poeira na prateleira da verdade banida.

Informem-no que acabou: o inimigo venceu
Sua razão passageira ao vento se escafedeu.

Avisem-no que a luz deve apagar ao sair 
A escuridão de suas ideias não deve mais transmitir.

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