POEMA DEFINITIVO
Era domingo e eu me lembro.
Lembro que vagava, e apenas vagava,
por dentro da vermelha e cinza noite,
e que acompanhado somente
de tantas e inauditas mágoas,
silenciava, com minha dor de poeta,
todos os sons da nossa sempre
invisível cidade...
Desolados,
meus olhos miravam minguantes
um céu profundamente oco de mistérios
(céu daqueles que vivem sem amor),
enquanto meus passos seguiam tristes,
entre os meandros do vazio
e os melindres da solidão...
E quando tudo parecia já entregue e consumado,
tu, num singelo ato de graça,
na última encruzilhada do destino,
no exato instante em que tudo acontece,
tu, enfim, te anunciaste: simples e total,
como a luz de uma nova manhã
premeditando a eternidade.
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