Instantes de eternidade
dispersos no vento,
fragmentam-me a tênue noção de identidade,
meus versos agora
despidos da ironia de outrora,
delineiam sem medo do ridículo
o absurdo de toda esperança.
No breu da noite
tudo é revelação.
Então,
meus olhos perplexos de juventude,
de repente, cerram-se em prontidão ao sublime,
e tudo que até agora há pouco
era realidade indubitável,
expressão talvez,
de sua mera aparição à minha subjetividade,
converte-se em objeto da mais rudimentar superstição...
O que me resta da noite
é este rio de estrelas,
este silêncio remontado de saudade,
este deslumbre frente à imensidão,
esta vontade incontida viver
para sempre ao lado teu.