A volta do gato
O mais singular dos animais é o gato.
Mais que qualquer mamífero,
qualquer réptil,
ave
ou anfíbio,
mais que qualquer peixe
seja de rio
seja de mar,
mais que o ornitorrinco, eu diria.
O gato é o mais misterioso dos bichos.
Quanto mais gatos,
mais mistérios,
e quanto mais mistérios,
mais poesia.
Baudelaire, Borges, Neruda, Vinícius
exaltaram a sublime existência dos gatos,
como é próprio de todo poeta.
Poeta sem gato
é casa sem mistério,
e casa sem mistério
é túmulo.
O gato vem do antigo Egito,
e com a sua felina vadiagem
atravessa sem pressa
os muros e telhados erguidos sobre o tempo,
seguindo, assim, livre e esguio,
o seu flexível e obstinado caminho
de volta para casa.
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