liberto os versos...

posso queimar todas as folhas

há só um senão

nada restará, nem o sonho

que ainda ouço de noite às vezes,

que a seu tempo acabará

quando a respiração for sustida

ao final desta alameda que é a vida

aos poemas dou nova oportunidade

retiro a condenação,

mas há um senão

que faço da saudade?

poemas ilusões por mim geradas

fazem parte de mim mesma

são mais fortes que todas as razões

são minha carne, meu pão

meu prazer, minha paixão

ilusões? pois que sejam ilusões!


o bálsamo com que mitigo a dor

o azevinho com que enfeito o natal

a quietude e o vendaval

a corda que me prende ao cais

custa-me a acreditar

que os queimaria e não os sentiria vivos

jamais...

vou mantê-los em liberdade

como o perfume das flores pela campina

e dizer-lhes da minha saudade

desse tempo de menina.


as flores encherão a terra

os versos flutuarão alheados ao tempo

só o eco da adolescência passada

virá ao ouvido ainda

derradeiro eco

neste poema que finda.


natalia nuno

rosafogo


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