Frederico de Castro
Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
1961-06-20 Bolama
245476
6
35
Caprichos
De tantos lacerados lamentos saiu um
Eco absorto e nostálgico colorindo a noite
Plácida, despojada, muito, mesmo muito desalentada
Tenho meus olhos fixos nos teus
Tal como o dia na luz que reaparece
Depois da escuridão que em nós convalesce
Tenho caprichos repentinos e fecundos onde
O tempo fenece depois de embater nas curvas
Sinuosas e volúveis dessa solidão tão astuciosa
Fez-se uma vénia à madrugada refém de uma
Gargalhada luminescente, espigando cada gota
De orvalho caindo bajulada e complacente
Vesti com organdis a memória que agora
Singra nestas maresias quase concupiscentes
Peleja para toda uma saudade que irrompe adjacente
Cada onda do mar enrola-se neste tempo caindo
Assim entorpecente deixando opulentas caricias
Desaguar em nós, decerto tão lamurientas
Frederico de Castro
196
0
Mais como isto
Ver também