O LOBISOMEM DO ROCHA
Nos idos de 70 corriam por todo o Batalhão, Bacurizeiro e regiões vizinhas, boatos de que certas criaturas de costumes estranhos e misteriosos que ali viviam, nas noites de lua cheia, saramandaiavam pelas ruas do bairro, colocando em polvorosas todos os moradores da região.
Rocha, um morador do Bom Princípio e perdulário das noites da provinciana Altos, jurou, de pé junto e pelas chagas de Cristo, ter visto dois bichos- mistura de gente com lobo e porca - correndo atrás dele.
Foi um rebuliço dos diachos! Naquela noite ninguém mais dormiu. Os alaridos dos cães nas ruas deixavam todos ainda mais assustados e temerosos de um ataque brusco e inesperado das tais monstruosidades que o Rocha supostamente tinha visto.
Noite longa aquela, meu Deus! Tremia todo dentro da minha rede só de pensar na possibilidade de ser atacado pelos lobisomens do Rocha. Logo eu, que todas as noites abria a janela do meu quarto para namorar a lua, não o fizera naquela madrugada. Morria de medo só de pensar na possibilidade de, repentinamente, dá de cara com aquelas criaturas esquálidas e horripilantes que tinham corrido atrás do Rocha o qual tremendo mais do que vara verde, se refugiara na minha casa.
Na manhã seguinte, como era costumeiro, fui comprar manga d’água e tamanho foi o pavor que tomou conta de mim, quando, de repente, saiu da alcova um homem velho, com as vestes sujas, rotas e amarrotadas, nariz adunco, o rosto, golpeado pelo tempo, parecia o de uma caveira que, a passos lentos e desengonçados, perambulava pela casa suja, imunda, escura, solitária, deserta e completamente desarrumada.
Os cabelos compridos, fulvos, embaraçados, desgrenhados, de um branco amarelado e fusco, unhas grandes, sujas e afiadas. Dos lábios descaídos escorria uma gosma nojenta por entre a barba longa, densa e amarelada.
Por todo o casarão exalava um fedor de fumo que se misturava ao azedume da sujeira e à catinga azinhavrada de enxofre que vinha lá do fundo daquela enxovia horrenda e asquerosa. Por todo o corpo daquela caquética criatura, cobria uma camada densa e farta de pelos tão pontiagudos, duros, tensos e afiados que espetavam impiedosamente as moscas e varejeiras que ousavam pousar na pele dele.
Cenas macabras aquelas e, por um momento, pensei está diante de um dos mensageiros do maldito.
Gritei: - Valha-me Deus! É o lobisomem do Rocha! Apavorado, desabei na carreira para o refúgio sagrado do meu lar e nunca mais fui comprar manga d’água.
Rocha, um morador do Bom Princípio e perdulário das noites da provinciana Altos, jurou, de pé junto e pelas chagas de Cristo, ter visto dois bichos- mistura de gente com lobo e porca - correndo atrás dele.
Foi um rebuliço dos diachos! Naquela noite ninguém mais dormiu. Os alaridos dos cães nas ruas deixavam todos ainda mais assustados e temerosos de um ataque brusco e inesperado das tais monstruosidades que o Rocha supostamente tinha visto.
Noite longa aquela, meu Deus! Tremia todo dentro da minha rede só de pensar na possibilidade de ser atacado pelos lobisomens do Rocha. Logo eu, que todas as noites abria a janela do meu quarto para namorar a lua, não o fizera naquela madrugada. Morria de medo só de pensar na possibilidade de, repentinamente, dá de cara com aquelas criaturas esquálidas e horripilantes que tinham corrido atrás do Rocha o qual tremendo mais do que vara verde, se refugiara na minha casa.
Na manhã seguinte, como era costumeiro, fui comprar manga d’água e tamanho foi o pavor que tomou conta de mim, quando, de repente, saiu da alcova um homem velho, com as vestes sujas, rotas e amarrotadas, nariz adunco, o rosto, golpeado pelo tempo, parecia o de uma caveira que, a passos lentos e desengonçados, perambulava pela casa suja, imunda, escura, solitária, deserta e completamente desarrumada.
Os cabelos compridos, fulvos, embaraçados, desgrenhados, de um branco amarelado e fusco, unhas grandes, sujas e afiadas. Dos lábios descaídos escorria uma gosma nojenta por entre a barba longa, densa e amarelada.
Por todo o casarão exalava um fedor de fumo que se misturava ao azedume da sujeira e à catinga azinhavrada de enxofre que vinha lá do fundo daquela enxovia horrenda e asquerosa. Por todo o corpo daquela caquética criatura, cobria uma camada densa e farta de pelos tão pontiagudos, duros, tensos e afiados que espetavam impiedosamente as moscas e varejeiras que ousavam pousar na pele dele.
Cenas macabras aquelas e, por um momento, pensei está diante de um dos mensageiros do maldito.
Gritei: - Valha-me Deus! É o lobisomem do Rocha! Apavorado, desabei na carreira para o refúgio sagrado do meu lar e nunca mais fui comprar manga d’água.
1884
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