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Gente entre gente, que não se pense que se sente o que outro sente, nem que se pressente para além do presente.
1965-05-01 Vitória, Porto
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Enrugado espartilho
Quando a hora do silêncio chegar,
Que arribou, seja um emudecer da alma,
Concordante com o calar imposto,
Seja um apagar nas linhas do rosto.
Pois este rosto que carrega a rebentação,
Neste mar revolto, de regulas espartilhado,
Este rosto não se impõe nas profundas rugas
Ou ostenta pés de galinha como declaração
Este rosto é o rosto de dez mil, mais e mais, dias de existência,
A face da oculta consciência que o silêncio amarfanha e estilhaça
E o silêncio assim imposto, o abafar do exilado,
No mar carmesim de gentes tantas vezes violado,
É o sangue que não coagula numa tela, antes se dilui,
É só o mais um a ser pisado, um Zé-ninguém apagado,
É o dealbar fracassado de um poder-ser enfim gorado.
É apenas mera narrativa sem contos ou histórias,
Uma vida arredada de outradas memórias.
É o virar de páginas vazias, plenas de gritos coartados
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