João de Castro Sampaio

João de Castro Sampaio

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2000-09-26 Ouro Preto
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Não verás nenhuma cor

Se te digo a cor azul
Que entendes sobre o céu ou sobre o mar?
Pois não pensas no abstrato
Como folhas e sangue e areia
Pois se te digo a cor azul
Não te recordas de sentir-se
Tal como alguém que está sufocado
E atirado aos cães e pedindo perdão?
Por que não pensas na alegria que sentiu?
Na paixão que viveu, na morte que chorou?
Não entendes por hora
Que se lhe digo a cor azul
Pensas em um som que ouviu
Há vários e vários anos atrás
Lembra daquele cheiro doce
Que era tão azul quanto o gosto
Daquela fruta barulhenta que comeu
Mas a fruta não era azul, pois era a cor vermelha
E se te digo cor vermelha
Lembras de um dia que o céu era azul
E da cor azul pôde concluir que naquele dia
O céu de fato era vermelho
Pergunto-lhe então
Qual é a cor do sal na ferida?
Disso nada entendes uma vez que o sal
Já não é tão branco quanto o céu
Nem tão quente, nem tão frio
Se te digo a cor azul
Tenha certeza que não irá sentir
Nada além de incerteza
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