Dia

Internacional da Mulher)
Lançaram-nos
ao mundo
Despidas e desarmadas
E aceitamos caladas
Regras, tratados, pré-conceitos
E todos cuidavam saber
De que éramos feitas

E éramos menos
Em seus assentimentos
Fraco sexo, mãe devota
Rosto escondido por detrás dos véus,
Sofrimento e aceitação
Trancados soluços
Almas vexadas dentro de portas

E fomos o que quiseram que fossemos
Anos, dezenas, centenas, milhares deles
E fomos tudo isso, e tudo isso o somos ainda
Não sabendo , quantas de nós, que outra coisa
Somos já

O nosso despertar acordará todos os mágicos
Saberes, sabores, dizeres e sentidos
E ficaremos mais puras, mais perto de ser
Se nos olharmos à luz do que sempre
Havíamos sido sem saber

Viajamos pela História como sombras
Porque a noite era a dimensão que nos refletia

Mas descobrimos o prazer das bacantes
E erguemos nossa taça orgiástica ao sol
nos embriagamos de vida
e na vida mergulhamos
pois da vida criadoras

Os ventos da História
Sopraram mais fortes
E a descoberto, a olho nú
Surgiu a caixa Pandora

À luz do dia que nos furtaram
Clamamos paridade
Que iguais não somos
Antes este modo diverso de ser

E a tempestade atravessou a memória
E arrastou a poeira
Nas regras, tratados e pré-conceitos alojada
Estilhaçando a mentira que nos atava

Escavados os restos mortais,
Do que nunca fomos,
Na minúscula fração de um século
Ainda perguntamos:
- O que haveremos de ser??

Tudo!
Na caminhada infinita da Humanidade
Acabamos de nascer.
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