Ressonâncias

Subrepticiamente
um tremor se anuncia nas profundezas
lateja nas veias, em cada fibra, em cada músculo
e emerge à terra de ninguém onde me abandonei....

subitamente um rio galga as margens,
vou na corrente indo onde me leva,
não sou de mim, mesmo que me saiba e sinta
nasço de cada maré, em todos os ciclos lunares
e a cada manhã regresso desse lugar
onde sempre irei na senda do que houver perdido....

Carrego, as sombras e a alva, sou o caos que se ordena
a cada instante que respira,
e nenhuma outra voz ecoa nas labirínticas dobras da memória
que não essa que vem de um lugar e tempo inexplicitos.

Sou no eterno retorno onde me descubro e refaço,
E vivo do inaudito
raiz de mim onde asas ganho,
lugar do desatino onde me acerto
a cada erro, a cada dor, a cada passo, a cada rasgo de infinito.

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