Chão de

Mim


um rito solar
pendente em minha alma
rito secular
de bacantes abraçadas em adoração
à luz diuturna ou à prenhe lua
nas noites de incêndio
que ao corpo afloram

Há nos meus sentidos
orgias de cores
o vermelho vivo, o sangue e a vida
o azul infinito
onde rasga voo este meu olhar,
o verde ondeante
onde voga a vontade de ser caravela
e em ti mulher,
meu porto de abrigo
ancorar

E há virgens descalças
de todas as cores
de todas as raças
carregando aos ombros
meninos sagrados,
almas de crianças
emergindo firmes
da luxuriante verde
exuberância…
O cheiro da terra e a singeleza
do que vejo e sinto
levam-me ao fundo
da estranha certeza
de que há um lugar
onde eu já respiro

Lá nesse lugar
onde o coração pressente a batida
e a vibração do que eu sinto ser
essa outra forma de sentir a vida,
vida inteira ter.

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