Gonçalves Dias
Antônio Gonçalves Dias foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como 'indianismo'.
1823-08-10 Caxias, Maranhão, Brasil
1864-11-03 Guimarães, Maranhão, Brasil
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27
214
IV
(...)
Uma voz sonora e retumbante partiu do Ipiranga
e foi do mar aos Andes e do Prata às margens do
Amazonas.
E todos se ergueram violenta e instantaneamente
como um cadáver por virtude do galvanismo.
E soltaram o mesmo brado com voz entusiasta e
forte, e travaram das armas com a impavidez do guerreiro
e com a esperança do homem que pugna em favor da justiça.
E a corrente que prendia um Império a outro Império,
fraca com o seu comprimento, estalou violentamente
em mil pedaços.
E os dois Impérios soltaram dois gritos simultâneos;
— era de um lado o despeito do caçador que
vê fugir-lhe a presa, e do outro o contentamento da
águia quando pela primeira vez ousa fitar a luz do
sol e a balançar-se nos campos incomensuráveis do
espaço.
E os homens, que eram livres, regozijavam-se com
a vitória do povo emancipado, e os que eram tiranizados
afiavam com mais ardor a espada da liberdade
nas escadas dos potentes.
(...)
Poema integrante da série Capítulo III.
In: DIAS, Gonçalves. Meditação. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1909. p.62-6
Uma voz sonora e retumbante partiu do Ipiranga
e foi do mar aos Andes e do Prata às margens do
Amazonas.
E todos se ergueram violenta e instantaneamente
como um cadáver por virtude do galvanismo.
E soltaram o mesmo brado com voz entusiasta e
forte, e travaram das armas com a impavidez do guerreiro
e com a esperança do homem que pugna em favor da justiça.
E a corrente que prendia um Império a outro Império,
fraca com o seu comprimento, estalou violentamente
em mil pedaços.
E os dois Impérios soltaram dois gritos simultâneos;
— era de um lado o despeito do caçador que
vê fugir-lhe a presa, e do outro o contentamento da
águia quando pela primeira vez ousa fitar a luz do
sol e a balançar-se nos campos incomensuráveis do
espaço.
E os homens, que eram livres, regozijavam-se com
a vitória do povo emancipado, e os que eram tiranizados
afiavam com mais ardor a espada da liberdade
nas escadas dos potentes.
(...)
Poema integrante da série Capítulo III.
In: DIAS, Gonçalves. Meditação. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1909. p.62-6
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22/junho/2017