Existem encontros e azares que o ser humano nao pode dominar. Nao pode assegurar a perenidade de suas obras. Sua vida é fugaz e desemboca na morte. A historia prossegue e vai derrubando, uma após a outra, todas as torres de Babel. Não existe nenhuma segurança verdadeira e definitiva; mas é precisamente a essa ilusão que as pessoas tendem a sucumbir quando perseguem a segurança.
Qual é a razão subjacente a esse anelo? A preocupação, a secreta angústia que se manifestam nas profundezas da alma justamente quando o ser humano pensa que, por si mesmo, tem de alcançar a segurança para si próprio.
A palavra de Deus exorta o ser humano a renunciar a seu egoísmo e à segurança ilusória que ele próprio construiu para si. Exorta-o a que se volte para Deus, que está além do mundo e do pensamento científico. Exorta-o, ao mesmo tempo, a que encontre seu verdadeiro eu. Porque o eu do ser humano, sua vida interior, sua existência pessoal também se encontra além do mundo visível e do pensamento racional. A palavra de Deus interpela o ser humano em sua existência pessoal e, assim, o liberta do mundo, da preocupação e da angústia que o oprimem tão logo se esquece do além. Mediante os recursos da ciência, as pessoas procuram apoderar-se do mundo, mas, em realidade, é o mundo quem acaba apoderando-se delas. Nossa época permite-nos observar até que ponto as pessoas são dependentes da tecnologia e até que ponto chegam as terríveis consequências da tecnologia. Crer na palavra de Deus significa renunciar a toda segurança meramente humana e, assim, desfazer-se do desespero gerado pela busca - sempre vã - da segurança.
332
0
Mais como isto
Ver também