Luís Amaro

poeta, editor, bibliófilo e investigador português

1923-05-05 Aljustrel
2018-08-24 Lisboa
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A Um Poeta

(memorando Manuel Ribeiro de Pavia)

Não reveleis o sono. A luz do dia
Fere de mais a alma; e, oculta,
A face esquece a sua chaga rubra.

A dor, amordaçando, purifica:
Que ela te dê, no sangue, o novo alento
Para outros voos de que sairás vencido

(Mas entretanto vives…) E procura
Haurir na solidão a graça, o prémio
Daquele instante puro, essencial

A que não chega o vão rumor do tempo
Desfigurado e vil. E, já liberto,
Conhecerás tua verdade inteira

Ouvindo alguém, sem corpo nem memória,
Segredar-te as palavras invisíveis
De que é tecida a Noite — tua esperança!

(in Antologia de Poetas Alentejanos)

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