Os Sonhos

De repente acordo e vejo bem perto
De mim, colado quase ao meu, desnudo,
Também, cansado, inerte no veludo,
O corpo dela, sem censura, aberto

O coração, de sentimento incerto,
Às vezes, mesmo, indiferente a tudo.
De tanto vê-la assim me desiludo
E me entristeço sempre que desperto.

Sem esperança de acordar com ela,
Eu fico preso ao meu amor constante
E paro, e penso e sinto, num instante,

Quando ela dorme, assim, imóvel, bela:
...Eu dos seus sonhos estou tão distante,
Que nem parece que estou junto dela.

João Pessoa, 1981

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