Beijo injeitado

Cabôca, si tu subesse
O tamãin do meu amô
Tu nunca mais rifugava
Meus beijo, minha fulô

Tu sabe donde eles vem?
Num duvida de eu não!
Vem dum cantim resguardado
Todo de seda forrado
No fundo do coração

E feito pomba-de-bando
Eles de lá vão fugindo
E no sangue margúiando
Devagarim vão subindo.

Pelo sangue trafegando
Me dando febre e tremô
Sem avexame si pranta
Nos beiço-ôi dágua de amô

Mas quando eles se arrelia
Mode tua boca incontrá
Valei-me, Vige Maria!
Tu inventa de rejeitá

Tem dó de eu, meu pecado
Adocica meu sofrê
Vivo cos peito arroxado
De tanto beijo injeitado
É grande o meu padecê

Si hoje tu dé um não
Com a verdade machucado
Me imbrenho por esses mato
À moda boi desgarrado
Mas levo no coração
Cum afeto, cum devoção
Qual jóia de estimação
Todo esses beijo injeitado.

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