As portas do meu cofre

Insensata alma
às vezes presa por um fio
A conviver interpretar
como quizer
a luta e o delírio de morar
num corpo
que respira que se inspira
E permanece assim
calado
Como que a temer
os seus escritos
seu papel
algum teclado

E o desafio de morar
num bicho
um ente
que não retoca seus
segredos
[só os sente]

Em tolas gotas
de um secreto mal de amor

Que vivem presas
muito mais por que
trancaram-se
as portas de seu cofre
Do que por desistir
ou esquecer
de ter sonhado

Com o fascínio
e o sabor de certo
beijo
tom carmim

Que já não está
em tua boca

[cor marfim]

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