Antônio Massa
Antônio Massa foi um senador do Brasil durante a República Velha, ou Primeira República (1918—1920). O senador foi também um grande senhor de terras que se estendiam de Alagoas até Paraíba. Ele e sua esposa, Júlia Massa, eram socialites do Rio de Janeiro, conhecidos pelas grandes festas que realizavam na época em que moraram no Copacabana Palace.
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Cartesianos
Cartesianos
desabados entre as fórmulas
confeccionadas sob encomenda
emendas nas vielas nossas
invadidas pelo prático ímpeto
de desnudar da vida
uma satisfação qualquer
Conhecemos os quadrantes
mas não vemos antes
de toda a metria
nem entendemos que o silêncio
foi criado a fim de ouvirmos seu doce pranto
e não para preenchê-lo
com formulações técnicas
étnicas
ásperas
Por demais acartesianados
não distinguimos o espírito
despido de números ou códigos
deveras quadrados
sem contornos nas arestas
sem astúcia para contornar
situações pontudas
oferecendo apenas
respostas pontiaguadas
aos ponteiros da vida
que ao acaso giram,
não para marcar hora
a outrora
ou demora
mas para manifestar
que avançam
dançam enquanto vivos
enquanto ventos
enquanto corpos
enquanto bichos
Cartesianos...
destituídos da vontade de crescer
almejando desvendar a vida
com o conhecimento obsoleto
por demais lógico e tétrico
objético
Queremos resgatar o saber
do monstro do Desconhecido
mas quem irá salvaguardar
nossas almas
se não concedemos
se não concebemos
se não compreendemos
se não empreendemos
o caminho para o Ninho
para nos entendermos
para nos perdoarmos
para nos conhecermos
ao invés de esquecermos
de nós
os homens
os lobisomens
os meta homens
os meio homens
Cartesianos...
demais para aceitarmos
Amor numa relação homossexual
demais para aceitarmos
o Amor que de cima nos é oferecido
nos ferimos
não podemos computar o Sentimento
então erguemos os muros
as fronhas
as frontes
os horizontes
separamos o homem
do bicho
do corpo
do vento
da vida
mas não separamos
o homem
do homem
lobisomem
meta homem
meio homens
mulheres
crianças
que não justificam nosso fim
nosso início
nosso concerto
nosso desconcerto
nossa cartesianidade
que é o precipício
a precipitação
a prece para a ação
desnutrida
desdentada
exaurida
Cartesianos...
nossas questões fúteis
inúteis
indagam quantos raios emite o sol
quantos pelos há na púbis
quantas vidas há na morte
mas não nos preocupamos
em tomar a quentura
da luz
do corpo
em viver esta vida
como se ela fosse única
como se ela fosse virgem
e fôssemos penetrando calor adentro
noite adentro
suspirando cada ponto de aurora
gemendo cada agora
germinando
curtindo
cultivando
cultuando
Cegos frente às cordas bambas
bombas para quem não as sente
com os dedos
o corpo
a alma
a calma
estamos caindo em nossos mapas
arquitetônicos
astrais
geométricos
geográficos
e os leões nos esperam no picadeiro
depois da queda
depois da morte
e sabe-se lá qual a sorte
de quem despenca
flácido
ácido
nas gargantas do felino
Cartesianos, infelizmente,
esperamos o Artesão
que venha cobrar os juros
construir os muros
edificar os matadouros
Arrancar de nós o couro
o ouro
os cofres
Estamos esperando
que a praia seque
e o mar se vá
para sentarmos, então, ao nada
e queixarmos academicamente
- Onde foi que erramos a conta?
desabados entre as fórmulas
confeccionadas sob encomenda
emendas nas vielas nossas
invadidas pelo prático ímpeto
de desnudar da vida
uma satisfação qualquer
Conhecemos os quadrantes
mas não vemos antes
de toda a metria
nem entendemos que o silêncio
foi criado a fim de ouvirmos seu doce pranto
e não para preenchê-lo
com formulações técnicas
étnicas
ásperas
Por demais acartesianados
não distinguimos o espírito
despido de números ou códigos
deveras quadrados
sem contornos nas arestas
sem astúcia para contornar
situações pontudas
oferecendo apenas
respostas pontiaguadas
aos ponteiros da vida
que ao acaso giram,
não para marcar hora
a outrora
ou demora
mas para manifestar
que avançam
dançam enquanto vivos
enquanto ventos
enquanto corpos
enquanto bichos
Cartesianos...
destituídos da vontade de crescer
almejando desvendar a vida
com o conhecimento obsoleto
por demais lógico e tétrico
objético
Queremos resgatar o saber
do monstro do Desconhecido
mas quem irá salvaguardar
nossas almas
se não concedemos
se não concebemos
se não compreendemos
se não empreendemos
o caminho para o Ninho
para nos entendermos
para nos perdoarmos
para nos conhecermos
ao invés de esquecermos
de nós
os homens
os lobisomens
os meta homens
os meio homens
Cartesianos...
demais para aceitarmos
Amor numa relação homossexual
demais para aceitarmos
o Amor que de cima nos é oferecido
nos ferimos
não podemos computar o Sentimento
então erguemos os muros
as fronhas
as frontes
os horizontes
separamos o homem
do bicho
do corpo
do vento
da vida
mas não separamos
o homem
do homem
lobisomem
meta homem
meio homens
mulheres
crianças
que não justificam nosso fim
nosso início
nosso concerto
nosso desconcerto
nossa cartesianidade
que é o precipício
a precipitação
a prece para a ação
desnutrida
desdentada
exaurida
Cartesianos...
nossas questões fúteis
inúteis
indagam quantos raios emite o sol
quantos pelos há na púbis
quantas vidas há na morte
mas não nos preocupamos
em tomar a quentura
da luz
do corpo
em viver esta vida
como se ela fosse única
como se ela fosse virgem
e fôssemos penetrando calor adentro
noite adentro
suspirando cada ponto de aurora
gemendo cada agora
germinando
curtindo
cultivando
cultuando
Cegos frente às cordas bambas
bombas para quem não as sente
com os dedos
o corpo
a alma
a calma
estamos caindo em nossos mapas
arquitetônicos
astrais
geométricos
geográficos
e os leões nos esperam no picadeiro
depois da queda
depois da morte
e sabe-se lá qual a sorte
de quem despenca
flácido
ácido
nas gargantas do felino
Cartesianos, infelizmente,
esperamos o Artesão
que venha cobrar os juros
construir os muros
edificar os matadouros
Arrancar de nós o couro
o ouro
os cofres
Estamos esperando
que a praia seque
e o mar se vá
para sentarmos, então, ao nada
e queixarmos academicamente
- Onde foi que erramos a conta?
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