Soneto

Se adormecida, ó Clícia, te parece
que amor neste letargo se minora,
é engano, que tanto mais adora
quanto entregue ao pesar mais se adormece:

à Luz do Sol o seu Amor floresce,
restaura alentos, quando sai a Aurora;
o meu da Lua a vista sente e chora
e quando se retira, desfalece.

O Sono, não descanso, mas tormento
com impulso cruel, com rigor forte
faz que este amor se julgue esquecimento.

Tu no Sol tens o objeto, o alívio, a Sorte:
eu sem sentido entregue ao sentimento,
sou vítima de amor, morro sem Morte.

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