Edmir Domingues

Edmir Domingues

Edmir Domingues da Silva foi um advogado e poeta brasileiro.

1927-06-08 Recife Pernambuco Brasil
2001-04-01 Recife
27707
40
33

Sextina da rosa do amor e da morte

De que uma rosa é uma rosa
é uma rosa, até quando
lhe seja dado viver,
disse poeta. É a vida
que ao cabelo prende o pente
até que Destino a mata.

Quem sabe a tocaia, a mata,
a bala ferindo a rosa,
com outras balas no pente?
Da assassina à espreita quando
tudo eram flores na vida
e um puro sabor viver.

Mas vale a pena viver?
Não é a vida o que mata?
A morte é o fruto da vida
que floresce como rosa
e em versos se torna quando
sabe à lã cardada ao pente.

No campo marinho o pente,
concha bivalve, a viver
no meio das algas, quando
pescador o apresa e mata,
para alimento, que é rosa
que sustenta e enfeita a vida.

O artesão que ganha a vida
tece em seu tear, no pente,
a teia. Motivo: rosa.
Que se destina a viver
matando o tédio que mata,
não se sabe aonde, quando.

Rosas serão pedras, quando
em carga tornar-se a vida.
O desespero que mata
retira ao cabelo o pente,
que é desalento o viver
num país que não tem rosa.

No entanto viver é a Vida
na escura rosa do pente
ainda quando ou fere ou mata.
                                           1995.
És o editor deste autor: Alterar texto Publicar texto ou poema Ap
148
0


Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores