Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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27
Puteiro
minha primeira experiência num puteiro
foi em Tijuana.
era uma casa enorme nos confins da
cidade.
eu tinha 17 anos, com dois amigos.
enchemos a cara para criar
coragem
aí fomos lá e
entramos.
o lugar estava lotado de
militares
principalmente
marinheiros.
os marinheiros formavam longas
filas
bradando e batendo nas
portas.
Lance entrou numa fila
pequena (as filas indicavam a
idade da puta: quanto menor a
fila mais velha a
puta)
e resolveu a
parada, saiu audaz e
sorridente: “bem, o que é que vocês
estão esperando?”
o outro cara, Jack, ele me passou
a garrafa de tequila e eu dei um
gole e passei de volta e ele
deu um gole.
Lance olhou para nós: “vou esperar
no carro, tirar minha soneca
reparadora”.
Jack e eu esperamos até ele
sumir
e aí começamos a andar na direção da
saída.
Jack estava usando um grande
sombreiro
e bem na saída havia uma
puta velha sentada numa
cadeira.
ela esticou a perna
barrando nosso
caminho: “ora, meninos, dou
gostoso pra vocês e
barato!”
de algum modo aquilo deixou
Jack cagado de medo e ele
disse “meu deus, eu vou
VOMITAR!”
“NÃO NO PISO!”, gritou
a puta
e sob tal aviso
Jack arrancou seu
sombreiro
e o segurando
diante de si
deve ter vomitado um
galão.
aí ele só ficou ali parado
olhando
aquilo nas mãos
e a puta
disse “fora
daqui!”
Jack correu porta afora com
seu sombreiro
e aí a puta
olhou para mim com um rosto muito
bondoso e disse:
“barato!” e eu entrei
num quarto com ela
e havia um homem gordo e grandalhão
sentado numa cadeira e
perguntei a ela “quem
é esse aí?”
e ela disse “ele está aqui pra
garantir que ninguém me
machuque”.
e eu fui até o
homem e disse “ei, como cê
tá?”
e ele disse “bem,
señor...”
e eu disse
“você mora por
aqui?”
e ele disse “dê
o dinheiro pra
ela”.
“quanto?”
“dois dólares.”
dei os dois dólares
à dama
então voltei até o
homem.
“pode ser que eu venha viver
no México um dia”, eu
disse a ele.
“dá o fora
daqui”, ele disse,
“AGORA!”
quando passei pela
saída
Jack ainda estava ali esperando
sem seu
sombreiro
mas ele ainda estava
cambaleando
de bêbado.
“meu Jesus”, eu disse, “ela foi
ótima, ela sem brincadeira botou minhas
bolas na
boca!”
nós fomos andando até o carro.
Lance estava desmaiado, nós
o acordamos e ele nos
levou
dali
de algum modo
nós passamos pela
fronteira
e rodamos todo
o caminho de volta para
L.A.
debochamos de Jack por ele ser um
virgem
cagão.
Lance debochou com
delicadeza
mas eu esbravejava
humilhando Jack por sua falta de
fibra
e não me calei
até Jack desmaiar
perto de
San Clemente.
fiquei ali ao lado de Lance
passando e repassando
a última garrafa de
tequila.
enquanto Los Angeles voava na nossa
direção
Jack perguntou “como é que
foi?”
e eu respondi
num tom de
conhecedor: “já peguei
melhores”.
foi em Tijuana.
era uma casa enorme nos confins da
cidade.
eu tinha 17 anos, com dois amigos.
enchemos a cara para criar
coragem
aí fomos lá e
entramos.
o lugar estava lotado de
militares
principalmente
marinheiros.
os marinheiros formavam longas
filas
bradando e batendo nas
portas.
Lance entrou numa fila
pequena (as filas indicavam a
idade da puta: quanto menor a
fila mais velha a
puta)
e resolveu a
parada, saiu audaz e
sorridente: “bem, o que é que vocês
estão esperando?”
o outro cara, Jack, ele me passou
a garrafa de tequila e eu dei um
gole e passei de volta e ele
deu um gole.
Lance olhou para nós: “vou esperar
no carro, tirar minha soneca
reparadora”.
Jack e eu esperamos até ele
sumir
e aí começamos a andar na direção da
saída.
Jack estava usando um grande
sombreiro
e bem na saída havia uma
puta velha sentada numa
cadeira.
ela esticou a perna
barrando nosso
caminho: “ora, meninos, dou
gostoso pra vocês e
barato!”
de algum modo aquilo deixou
Jack cagado de medo e ele
disse “meu deus, eu vou
VOMITAR!”
“NÃO NO PISO!”, gritou
a puta
e sob tal aviso
Jack arrancou seu
sombreiro
e o segurando
diante de si
deve ter vomitado um
galão.
aí ele só ficou ali parado
olhando
aquilo nas mãos
e a puta
disse “fora
daqui!”
Jack correu porta afora com
seu sombreiro
e aí a puta
olhou para mim com um rosto muito
bondoso e disse:
“barato!” e eu entrei
num quarto com ela
e havia um homem gordo e grandalhão
sentado numa cadeira e
perguntei a ela “quem
é esse aí?”
e ela disse “ele está aqui pra
garantir que ninguém me
machuque”.
e eu fui até o
homem e disse “ei, como cê
tá?”
e ele disse “bem,
señor...”
e eu disse
“você mora por
aqui?”
e ele disse “dê
o dinheiro pra
ela”.
“quanto?”
“dois dólares.”
dei os dois dólares
à dama
então voltei até o
homem.
“pode ser que eu venha viver
no México um dia”, eu
disse a ele.
“dá o fora
daqui”, ele disse,
“AGORA!”
quando passei pela
saída
Jack ainda estava ali esperando
sem seu
sombreiro
mas ele ainda estava
cambaleando
de bêbado.
“meu Jesus”, eu disse, “ela foi
ótima, ela sem brincadeira botou minhas
bolas na
boca!”
nós fomos andando até o carro.
Lance estava desmaiado, nós
o acordamos e ele nos
levou
dali
de algum modo
nós passamos pela
fronteira
e rodamos todo
o caminho de volta para
L.A.
debochamos de Jack por ele ser um
virgem
cagão.
Lance debochou com
delicadeza
mas eu esbravejava
humilhando Jack por sua falta de
fibra
e não me calei
até Jack desmaiar
perto de
San Clemente.
fiquei ali ao lado de Lance
passando e repassando
a última garrafa de
tequila.
enquanto Los Angeles voava na nossa
direção
Jack perguntou “como é que
foi?”
e eu respondi
num tom de
conhecedor: “já peguei
melhores”.
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