Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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9
27
O Gênio
este homem de vez em quando se esquece
quem é.
às vezes ele acha que é o
Papa.
outras vezes é um
coelho caçado
e se esconde debaixo da
cama.
então
de uma só vez
ele recuperará totalmente
a lucidez
e passará a compor
obras de
arte.
então ficará bem
por algum
tempo.
depois, digamos,
estará sentado com sua
esposa
e mais 3 ou 4
pessoas
discutindo vários
assuntos
ele será encantador,
incisivo,
original.
então fará
algo
estranho.
como certa vez
em que se pôs de pé
abriu a braguilha
e começou
a mijar
no
tapete.
outra vez
comeu um guardanapo de
papel.
e houve
a ocasião em que
entrou no
carro
e dirigiu de
ré
todo o caminho
até o
mercado
e voltou
mais uma vez
de ré
os outros motoristas
gritando com
ele
mas
conseguiu
ir e
voltar
sem qualquer
incidente
e sem
ser
parado
por uma patrulha da
polícia.
mas fica bem mesmo
como
Papa
e seu
latim
é muito
bom.
suas obras de
arte
não são lá
excepcionais
mas elas permitem que
ele
sobreviva
e que viva com
uma série de
esposas de
19 anos
que lhe
cortam os cabelos
as unhas
dão de beber
servem-no e
o
alimentam.
ele consome todo mundo
exceto
a si
mesmo.
Eram dez e meia da manhã quando o telefone tocou. Jon Pinchot.
– O filme foi cancelado...
– Jon, eu não acredito mais nessas histórias. É só o jeito de eles fazerem pressão.
– Não, é verdade, o filme foi cancelado.
– Como podem? Já investiram demais, ficariam com um enorme prejuízo no projeto...
– Hank, a Firepower simplesmente não tem mais grana. Não foi só nosso filme que foi cancelado; todos os filmes foram cancelados. Fui ao prédio deles hoje de manhã. Só tem os guardas de segurança. Não tem NINGUÉM no prédio! Eu percorri ele todo, gritando: “Olá! Olá! Tem alguém aí?” Sem resposta. Todo o prédio está vazio.
– Mas, Jon, e a cláusula do “Faça ou pague” de Jack Bledsoe?
– Não podem fazer nem pagar. Todo o pessoal da Firepower, incluindo nós, está sem salário. Alguns deles já vêm trabalhando há duas semanas sem receber. Agora não tem dinheiro pra ninguém.
– Que é que você vai fazer?
– Eu não sei, Hank, isso parece o fim...
– Não tome nenhuma medida precipitada, Jon. Será que outra empresa não assume o filme?
– Não farão isso. Ninguém gosta do argumento.
– Oh, sim, está certo...
– Que é que você vai fazer?
– Eu? Eu vou às corridas. Mas se quiser aparecer para uns tragos esta noite, eu teria prazer em ver você.
– Obrigado, Hank, mas tenho um encontro com um casal de lésbicas.
– Boa sorte.
– Boa sorte pra você também.
Eu dirigia pela autoestrada do Porto, em direção a Hollywood Park, ao norte. Jogava nos cavalinhos há mais de trinta anos. Começara após minha quase fatal hemorragia no Hospital Municipal de Los Angeles. Me disseram que se tomasse outro trago estava morto.
– Que é que vou fazer? – eu tinha perguntado a Jane.
– Sobre o quê?
– Que vou usar em lugar da bebida?
– Bem, tem os cavalos.
– Cavalos? Que é que a gente faz?
– Aposta neles.
– Aposta neles? Parece idiota.
Nós fomos e ganhei uma bela soma. Comecei a ir diariamente. Depois, aos poucos, recomecei a beber um pouco. Depois mais. E não morri. E aí eu tinha a bebida e os cavalos. Um viciado completo. Naquele tempo não havia corridas aos domingos, por isso eu ia com o velho carro até Água Caliente e voltava no domingo, às vezes ficando para as corridas de cachorros depois que as dos cavalos acabavam, e depois atacando os bares de Caliente. Nunca fui assaltado ou agredido, e era até tratado com bondade pelos garçons e fregueses mexicanos, mesmo sendo às vezes o único gringo. A volta de carro, tarde da noite, era legal, e quando chegava em casa eu não ligava se Jane estava lá ou não. Dissera a ela que o México era perigoso demais para mulheres. Geralmente ela não estava em casa quando eu chegava. Estava num lugar muito mais perigoso: a Rua Alvarado. Mas contanto que houvesse três ou quatro cervejas à minha espera, tudo bem. Se ela tivesse bebido aquelas e deixado a geladeira vazia, então, sim, estaria em verdadeiro apuro.
Quanto aos cavalos, eu me tornei um verdadeiro estudioso do jogo. Tinha umas duas dúzias de sistemas. Só funcionavam se não se aplicassem todos ao mesmo tempo, porque se baseavam em fatores variáveis. Meus sistemas tinham só um fator comum: o público deve sempre perder. Precisava determinar qual era o jogo do público, e tentar o oposto.
Um de meus sistemas baseava-se em números de índices e pós-posições. Há certos números que o público reluta em pedir. Quando esses números atingem uma certa quantidade de jogo no placar em relação à sua posição, a gente tem um vencedor de alta porcentagem. Estudando durante muitos anos os mapas de corridas no Canadá, nos Estados Unidos e no México, bolei um jogo vencedor baseado apenas nesses indicadores. (O número do índice diz a pista e a corrida em que o cavalo apareceu pela última vez.) O Racing Form publicava grandes e gordos livros vermelhos de resultados, por 10 dólares. Eu os lia e relia durante horas, durante semanas. Todos os resultados têm um padrão. Se a gente o descobre, está com tudo. E pode mandar o patrão tomar no cu. Eu mandara vários, apenas para ter de encontrar outros. Sobretudo porque alterava ou trapaceava com meus próprios sistemas. A fraqueza da natureza humana é mais uma coisa que a gente precisa derrotar nas corridas.
Entrei em Hollywood Park e fui para a área reservada. Um treinador de cavalos que eu conhecia me dera um adesivo de “Proprietário/Treinador” para o estacionamento, e também um passe para o clube. Era um homem bom, que tinha como melhor característica não ser escritor nem ator.
Entrei no clube, peguei uma mesa e trabalhei nos meus números. Sempre fazia isso primeiro, depois pagava um pau para ir ao Pavilhão Cary Grant. Não tinha muita gente por lá, e a gente podia pensar melhor. Sobre Cary Grant, há uma foto gigantesca dele pendurada no Pavilhão, rindo. Usa uns óculos fora de moda e aquele seu sorriso. Frio. Mas que jogador nos cavalinhos. Era um apostador de dois dólares. E quando perdia corria para a pista gritando, acenando os braços e berrando: “VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO COMIGO!”. Se a gente vai apostar apenas dois dólares, é melhor ficar em casa, pegar o dinheiro e passá-lo de um bolso para outro.
Por outro lado, minha maior aposta foi uma vitória de 20 dólares. Ambição em excesso pode criar erros, porque as apostas muito pesadas afetam os processos de pensamento. Mais duas coisas. Nunca aposte no cavalo com a maior cotação resultante de sua última corrida, e nunca aposte num grande fechador.
Meu passeio até ali foi muito agradável, mas como sempre eu me ressentia da espera de 30 minutos entre as corridas. Era demorada demais. A gente sente a vida sendo reduzida à polpa pela inútil perda de tempo. Quer dizer, a gente fica ali sentado na cadeira ouvindo vozes que discutem quem vai ganhar e por quê. É realmente nauseante. Às vezes a gente pensa que está num asilo de loucos. E de certa forma está. Cada um daqueles babacas acha que sabe mais que os outros, e lá estão todos juntos num mesmo lugar. E lá estava eu, sentado no meio deles.
Eu gostava era da ação real, aquele momento em que todos os nossos cálculos saem corretos do alto-falante e a vida tem algum sentido, algum ritmo e significado. Mas a espera entre as corridas era um verdadeiro horror: ali sentado com uma humanidade murmurante, tateante, que jamais iria aprender ou melhorar, só piorar com o tempo. Sempre ameacei minha boa esposa Sarah de ficar em casa durante os dias e escrever dezenas e dezenas de poemas imortais.
Assim, consegui atravessar a tarde ali e voltei para casa, ganhador de pouco mais de 100 dólares. Voltei de carro com a multidão trabalhadora. Que bando formavam. Putos da vida, maus e quebrados. Com pressa de chegar em casa pra trepar, se possível, pra ver TV, pra ir dormir cedo a fim de fazer novamente a mesma coisa no dia seguinte.
Entrei na estradinha de acesso à casa, e Sarah lá estava, regando o jardim. Era uma grande jardineira. E aguentava minhas insanidades. Dava-me comida saudável, me cortava os cabelos e as unhas dos pés, e geralmente me mantinha em marcha de várias formas.
Estacionei o carro e fui ao jardim, dei-lhe um beijo de saudação.
– Ganhou? – ela perguntou.
– É. Claro. Um pouco.
– Ninguém ligou – ela disse.
– Isso é mau, isso tudo... – eu disse. – Você sabe, depois de Jon ameaçar cortar o dedo e tudo mais. Sinto muito mesmo por ele.
– Talvez devesse ter convidado ele esta noite.
– Eu convidei, mas ele tinha compromisso.
– S&M?
– Não sei. Um casal de lésbicas. Uma espécie de desafogo pra ele.
– Viu as rosas?
– Vi, estão sensacionais. Aquelas vermelhas, brancas e amarelas. Amarelo é minha cor preferida. Me dá vontade de comer.
Sarah encaminhou-se com a mangueira até a pia, fechou a água, e entramos em casa juntos. A vida não era muito ruim, às vezes.
– Hollywood
quem é.
às vezes ele acha que é o
Papa.
outras vezes é um
coelho caçado
e se esconde debaixo da
cama.
então
de uma só vez
ele recuperará totalmente
a lucidez
e passará a compor
obras de
arte.
então ficará bem
por algum
tempo.
depois, digamos,
estará sentado com sua
esposa
e mais 3 ou 4
pessoas
discutindo vários
assuntos
ele será encantador,
incisivo,
original.
então fará
algo
estranho.
como certa vez
em que se pôs de pé
abriu a braguilha
e começou
a mijar
no
tapete.
outra vez
comeu um guardanapo de
papel.
e houve
a ocasião em que
entrou no
carro
e dirigiu de
ré
todo o caminho
até o
mercado
e voltou
mais uma vez
de ré
os outros motoristas
gritando com
ele
mas
conseguiu
ir e
voltar
sem qualquer
incidente
e sem
ser
parado
por uma patrulha da
polícia.
mas fica bem mesmo
como
Papa
e seu
latim
é muito
bom.
suas obras de
arte
não são lá
excepcionais
mas elas permitem que
ele
sobreviva
e que viva com
uma série de
esposas de
19 anos
que lhe
cortam os cabelos
as unhas
dão de beber
servem-no e
o
alimentam.
ele consome todo mundo
exceto
a si
mesmo.
Eram dez e meia da manhã quando o telefone tocou. Jon Pinchot.
– O filme foi cancelado...
– Jon, eu não acredito mais nessas histórias. É só o jeito de eles fazerem pressão.
– Não, é verdade, o filme foi cancelado.
– Como podem? Já investiram demais, ficariam com um enorme prejuízo no projeto...
– Hank, a Firepower simplesmente não tem mais grana. Não foi só nosso filme que foi cancelado; todos os filmes foram cancelados. Fui ao prédio deles hoje de manhã. Só tem os guardas de segurança. Não tem NINGUÉM no prédio! Eu percorri ele todo, gritando: “Olá! Olá! Tem alguém aí?” Sem resposta. Todo o prédio está vazio.
– Mas, Jon, e a cláusula do “Faça ou pague” de Jack Bledsoe?
– Não podem fazer nem pagar. Todo o pessoal da Firepower, incluindo nós, está sem salário. Alguns deles já vêm trabalhando há duas semanas sem receber. Agora não tem dinheiro pra ninguém.
– Que é que você vai fazer?
– Eu não sei, Hank, isso parece o fim...
– Não tome nenhuma medida precipitada, Jon. Será que outra empresa não assume o filme?
– Não farão isso. Ninguém gosta do argumento.
– Oh, sim, está certo...
– Que é que você vai fazer?
– Eu? Eu vou às corridas. Mas se quiser aparecer para uns tragos esta noite, eu teria prazer em ver você.
– Obrigado, Hank, mas tenho um encontro com um casal de lésbicas.
– Boa sorte.
– Boa sorte pra você também.
Eu dirigia pela autoestrada do Porto, em direção a Hollywood Park, ao norte. Jogava nos cavalinhos há mais de trinta anos. Começara após minha quase fatal hemorragia no Hospital Municipal de Los Angeles. Me disseram que se tomasse outro trago estava morto.
– Que é que vou fazer? – eu tinha perguntado a Jane.
– Sobre o quê?
– Que vou usar em lugar da bebida?
– Bem, tem os cavalos.
– Cavalos? Que é que a gente faz?
– Aposta neles.
– Aposta neles? Parece idiota.
Nós fomos e ganhei uma bela soma. Comecei a ir diariamente. Depois, aos poucos, recomecei a beber um pouco. Depois mais. E não morri. E aí eu tinha a bebida e os cavalos. Um viciado completo. Naquele tempo não havia corridas aos domingos, por isso eu ia com o velho carro até Água Caliente e voltava no domingo, às vezes ficando para as corridas de cachorros depois que as dos cavalos acabavam, e depois atacando os bares de Caliente. Nunca fui assaltado ou agredido, e era até tratado com bondade pelos garçons e fregueses mexicanos, mesmo sendo às vezes o único gringo. A volta de carro, tarde da noite, era legal, e quando chegava em casa eu não ligava se Jane estava lá ou não. Dissera a ela que o México era perigoso demais para mulheres. Geralmente ela não estava em casa quando eu chegava. Estava num lugar muito mais perigoso: a Rua Alvarado. Mas contanto que houvesse três ou quatro cervejas à minha espera, tudo bem. Se ela tivesse bebido aquelas e deixado a geladeira vazia, então, sim, estaria em verdadeiro apuro.
Quanto aos cavalos, eu me tornei um verdadeiro estudioso do jogo. Tinha umas duas dúzias de sistemas. Só funcionavam se não se aplicassem todos ao mesmo tempo, porque se baseavam em fatores variáveis. Meus sistemas tinham só um fator comum: o público deve sempre perder. Precisava determinar qual era o jogo do público, e tentar o oposto.
Um de meus sistemas baseava-se em números de índices e pós-posições. Há certos números que o público reluta em pedir. Quando esses números atingem uma certa quantidade de jogo no placar em relação à sua posição, a gente tem um vencedor de alta porcentagem. Estudando durante muitos anos os mapas de corridas no Canadá, nos Estados Unidos e no México, bolei um jogo vencedor baseado apenas nesses indicadores. (O número do índice diz a pista e a corrida em que o cavalo apareceu pela última vez.) O Racing Form publicava grandes e gordos livros vermelhos de resultados, por 10 dólares. Eu os lia e relia durante horas, durante semanas. Todos os resultados têm um padrão. Se a gente o descobre, está com tudo. E pode mandar o patrão tomar no cu. Eu mandara vários, apenas para ter de encontrar outros. Sobretudo porque alterava ou trapaceava com meus próprios sistemas. A fraqueza da natureza humana é mais uma coisa que a gente precisa derrotar nas corridas.
Entrei em Hollywood Park e fui para a área reservada. Um treinador de cavalos que eu conhecia me dera um adesivo de “Proprietário/Treinador” para o estacionamento, e também um passe para o clube. Era um homem bom, que tinha como melhor característica não ser escritor nem ator.
Entrei no clube, peguei uma mesa e trabalhei nos meus números. Sempre fazia isso primeiro, depois pagava um pau para ir ao Pavilhão Cary Grant. Não tinha muita gente por lá, e a gente podia pensar melhor. Sobre Cary Grant, há uma foto gigantesca dele pendurada no Pavilhão, rindo. Usa uns óculos fora de moda e aquele seu sorriso. Frio. Mas que jogador nos cavalinhos. Era um apostador de dois dólares. E quando perdia corria para a pista gritando, acenando os braços e berrando: “VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO COMIGO!”. Se a gente vai apostar apenas dois dólares, é melhor ficar em casa, pegar o dinheiro e passá-lo de um bolso para outro.
Por outro lado, minha maior aposta foi uma vitória de 20 dólares. Ambição em excesso pode criar erros, porque as apostas muito pesadas afetam os processos de pensamento. Mais duas coisas. Nunca aposte no cavalo com a maior cotação resultante de sua última corrida, e nunca aposte num grande fechador.
Meu passeio até ali foi muito agradável, mas como sempre eu me ressentia da espera de 30 minutos entre as corridas. Era demorada demais. A gente sente a vida sendo reduzida à polpa pela inútil perda de tempo. Quer dizer, a gente fica ali sentado na cadeira ouvindo vozes que discutem quem vai ganhar e por quê. É realmente nauseante. Às vezes a gente pensa que está num asilo de loucos. E de certa forma está. Cada um daqueles babacas acha que sabe mais que os outros, e lá estão todos juntos num mesmo lugar. E lá estava eu, sentado no meio deles.
Eu gostava era da ação real, aquele momento em que todos os nossos cálculos saem corretos do alto-falante e a vida tem algum sentido, algum ritmo e significado. Mas a espera entre as corridas era um verdadeiro horror: ali sentado com uma humanidade murmurante, tateante, que jamais iria aprender ou melhorar, só piorar com o tempo. Sempre ameacei minha boa esposa Sarah de ficar em casa durante os dias e escrever dezenas e dezenas de poemas imortais.
Assim, consegui atravessar a tarde ali e voltei para casa, ganhador de pouco mais de 100 dólares. Voltei de carro com a multidão trabalhadora. Que bando formavam. Putos da vida, maus e quebrados. Com pressa de chegar em casa pra trepar, se possível, pra ver TV, pra ir dormir cedo a fim de fazer novamente a mesma coisa no dia seguinte.
Entrei na estradinha de acesso à casa, e Sarah lá estava, regando o jardim. Era uma grande jardineira. E aguentava minhas insanidades. Dava-me comida saudável, me cortava os cabelos e as unhas dos pés, e geralmente me mantinha em marcha de várias formas.
Estacionei o carro e fui ao jardim, dei-lhe um beijo de saudação.
– Ganhou? – ela perguntou.
– É. Claro. Um pouco.
– Ninguém ligou – ela disse.
– Isso é mau, isso tudo... – eu disse. – Você sabe, depois de Jon ameaçar cortar o dedo e tudo mais. Sinto muito mesmo por ele.
– Talvez devesse ter convidado ele esta noite.
– Eu convidei, mas ele tinha compromisso.
– S&M?
– Não sei. Um casal de lésbicas. Uma espécie de desafogo pra ele.
– Viu as rosas?
– Vi, estão sensacionais. Aquelas vermelhas, brancas e amarelas. Amarelo é minha cor preferida. Me dá vontade de comer.
Sarah encaminhou-se com a mangueira até a pia, fechou a água, e entramos em casa juntos. A vida não era muito ruim, às vezes.
– Hollywood
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