A CONDIÇÃO DO POEMA
Não te desanime a sina de papagaio
preso ao poleiro de certas palavras vãs,
já pútridas, e de cadências clânicas,
num mundo devotado ao desapego.
Traças um mapa de ausências:
ao norte rareiam os albatrozes - quem
adivinha várzeas no subsolo das portagens,
licornes no esmaecido das gravuras,
se desertos já ruminam o Amazonas?
Em Maputo, onde o coração s’areja,
não falta a miséria. Em que desvelos
novos querias tu a língua, essa eterna
caloteira? Qual é o teu abrandamento
de onda? Disso depende o que vês.
Mesmo do poleiro onde ferves a 500º
Celsius. Não te desanime o desígnio
d’ave coada pelo agoiro. A voz que ‘tava
na cave é o tremor que te respira, a gaguez
em que embates no escuro, o halo - consorte
da morte - que te aguça os olhos.
preso ao poleiro de certas palavras vãs,
já pútridas, e de cadências clânicas,
num mundo devotado ao desapego.
Traças um mapa de ausências:
ao norte rareiam os albatrozes - quem
adivinha várzeas no subsolo das portagens,
licornes no esmaecido das gravuras,
se desertos já ruminam o Amazonas?
Em Maputo, onde o coração s’areja,
não falta a miséria. Em que desvelos
novos querias tu a língua, essa eterna
caloteira? Qual é o teu abrandamento
de onda? Disso depende o que vês.
Mesmo do poleiro onde ferves a 500º
Celsius. Não te desanime o desígnio
d’ave coada pelo agoiro. A voz que ‘tava
na cave é o tremor que te respira, a gaguez
em que embates no escuro, o halo - consorte
da morte - que te aguça os olhos.
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