Oficina Revelação
“Chorar com lágrimas é sinal de dor moderada; chorar sem lágrimas é sinal de maior dor;
e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva.”
(Padre Antonio Vieira)
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Só artifícios.
O fogo aceso nos latões de lixo.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
No charco frio,
um ramalhete macera suas pétalas.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Cornijas riem
do arrulho rouco dos pombos
nos umbrais.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Só trilhos sujos.
E a pompa fúnebre dos caminhões
de entulho.
Ao rés do chão,
como um insulto,
uma moeda brilha no bueiro
sob o casulo adormecido
de um vulto.
Aqui não se veem ilhas
que abriguem náufragos
(mas sob as gazes frias
da geada
saxífragas florescem
entre as pedras
– como dádivas.)
e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva.”
(Padre Antonio Vieira)
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Só artifícios.
O fogo aceso nos latões de lixo.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
No charco frio,
um ramalhete macera suas pétalas.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Cornijas riem
do arrulho rouco dos pombos
nos umbrais.
Aqui não se veem olhos
que abriguem lágrimas.
Só trilhos sujos.
E a pompa fúnebre dos caminhões
de entulho.
Ao rés do chão,
como um insulto,
uma moeda brilha no bueiro
sob o casulo adormecido
de um vulto.
Aqui não se veem ilhas
que abriguem náufragos
(mas sob as gazes frias
da geada
saxífragas florescem
entre as pedras
– como dádivas.)
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