Essa Noite

Essa Noite

Essa noite estranha,
é uma noite de medo,
pavor de mim mesmo.

Quando penso eme vejo
pensante,
ouço o ruído incessante
— enervante —
do mar,
tenho medo.

Do latido de um cão
longínquo,
tenho medo.

E receio tanto
a escuridão silenciosa
da noite...

E me assusto tanto
com o barulho da folha seca
e do vento tenebroso
na encosta...

A existência só
e a coexistência só
de um mundo de mortos
me amedrontam,
apavoram.

E tenho um pavor imenso
de ser e de sentir...

Queria ser apenas algo
e não querer...

O pavor do silêncio noturno,
povoado de fantasmas
que riem do meu temor,
o medo da morte
porque parece uma noite
de silêncio profundo,
faz ouvir minha fraqueza,
um cão latindo ao longe,
triste,
um som de silêncio no ouvido,
enlouquece
e assusta como se houvesse
— e talvez haja —
algum estranho na escuridão.

E me assusto
com a escuridão e o silêncio
— nadas —
que reinam em mim...

Vazio que reina em mim
— tudo —
possível e impossível.

Alma solitária
jogada num abismo,
vê-se lá de cima do penhasco
onde o mar encontra as pedras,
um grunhido,
um bafo ofegante
— monstro —
nas minhas costas infinitas,
do tamanho da escuridão
que esconde o mar dos olhos
e nos ouvidos
preenche a imaginação.

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