Casebre

Foi a estiagem

E o silêncio depois.

Nem sinal de planta
nem restos de árvore
no cenário ressequido
da planície:

O casebre apenas
de pedra solta
e uma lembrança aflitiva.

O teto de palha
levou-o
a fúria do sueste.

Sem batentes
as portas e as janelas
ficaram escancaradas
para aquela desolação.

Foi a estiagem que passou.

Nestes tempos
não tem descanso
a padiola mortuária
da regedoria.

Levou primeiro
o corpo mirrado da mulher
com o filho nu ao lado
de barriga inchada
que se diria
que foi de fartura que morreu.
O homem depois
com os olhos parados
abertos ainda.

Tão silenciosa a tragédia das secas nestas ilhas!
Nem gritos nem alarme
— somente o jeito passivo de morrer!

No quintal do casebre
três pedras juntas
três pedras queimadas
que há muito não serviram.

E o arco de ferro do menino
com a vareta ainda presa,

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